Descobertos peptídeos únicos com potencial anticancerígeno

(CC0/PD) typographyimages / pixabay; Envato Elements

Um grupo de investigadores descobriu um tipo de peptídeos únicos que podem ajudar a tratar o cancro.

Num estudo publicado recentemente na Nature Communications, a equipa referiu que os peptídeos não contêm mais do que algumas dezenas de aminoácidos, em contraste com as proteínas, que normalmente contêm centenas.

Os peptídeos cíclicos recentemente descobertos têm a capacidade de se ligarem a cadeias de proteínas ubiquitinas, frequentemente usadas como “etiqueta de morte” para proteínas danificadas. Estas proteínas são depois decompostas no proteasoma, uma estrutura celular responsável pela remoção de resíduos.

A descoberta do sistema da ubiquitina levou à atribuição do Prémio Nobel da Química de 2004 aos investigadores Aharon Ciechanover, Avraham Hershko e Bruce Rappaport.

Ao longo dos anos, tornou-se claro que a atividade do sistema da ubiquitina depende do ponto em que as moléculas estão ligadas umas às outras na cadeia. Por exemplo, ligar a ubiquitina na cadeia na posição 48 (K48) leva à remoção de proteínas, enquanto que ligar na posição 63 (K63) leva à reparação do ADN danificado.

Nos últimos anos, os investigadores do Technion – Israel Institute of Technology desenvolveram uma nova abordagem para influenciar os mecanismos da ubiquitina. Em vez de interferirem com a atividade das enzimas que afetam estes mecanismos, decidiram intervir diretamente na própria cadeia da ubiquitina.

Com base nesta abordagem, desenvolveram peptídeos cíclicos que se ligam as cadeias de ubiquitina na posição K48, impedindo-as de quebrar as proteínas danificadas. Esta rutura leva gradualmente à morte programada das células.

No mesmo estudo, provaram que quando um tal evento se transforma num tumor maligno, esses peptídeos matam as células cancerosas, protegendo o paciente. Esta descoberta foi publicada em 2019 na revista Nature Chemistry.

No estudo atual, foram descobertos peptídeos cíclicos que se ligam as cadeias conectadas à posição 63 da ubiquitina e que estão envolvidos na reparação do ADN danificado. Os investigadores descobriram que, quando ligados a estas cadeias de ubiquitina, tais peptídeos perturbam o mecanismo de reparação acima mencionado.

Isto leva à acumulação de ADN danificado e à morte das células. Quando essa ligação ocorre em células cancerígenas, as mesmas são destruídas.

Os investigadores acreditam que esta estratégia terapêutica poderia ser mais eficaz do que os medicamentos anticancerígenos existentes, contra os quais os doentes desenvolvem gradualmente resistência.

ZAP //

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