Descobertos 230 novos vírus gigantes. É uma boa notícia

Grieg Steward / University of Hawai'i

Infeção de alga unicelular Florenciella por um vírus gigante

Se há algo pior do que um vírus, é uma versão gigante do mesmo. Por isso, pode parecer uma má notícia que cientistas tenham acabado de descobrir 230 tipos anteriormente desconhecidos de vírus gigantes, presentes em praticamente todos os oceanos do planeta. Mas, na verdade, é uma boa notícia.

Os vírus gigantes desempenham um papel na sobrevivência de organismos marinhos unicelulares chamados protistas.

Estes incluem algas, amebas e flagelados, que formam a base das cadeias alimentares oceânicas.

E uma vez que estes protistas constituem uma parte importante da cadeia alimentar, estes grandes vírus de ADN são frequentemente responsáveis por vários perigos para a saúde pública, incluindo proliferações nocivas de algas.

Um novo estudo, conduzido por cientistas da Escola Rosenstiel de Ciências Marinhas, Atmosféricas e Terrestres da Universidade de Miami, pode agora ajudar a desvendar os muitos tipos de vírus presentes nas nossas vias fluviais e oceanos.

Este conhecimento poderá por exemplo ajudar os líderes locais a prepararem-se melhor para proliferações nocivas de algas que possam afetar as zonas costeiras costa, ou enfrentar ameaças de quaisquer outros vírus que estejam  presentes em baías, rios ou lagos locais.

No decorrer do estudo, publicado em abril na revista npj viruses, os investigadores usaram métodos de computação de alto desempenho, que lhes permitiram identificar 230 novos vírus gigantes em conjuntos de dados metagenómicos marinhos disponíveis publicamente e caracterizaram as suas funções.

Esta descoberta inclui a identificação de novos genomas de vírus gigantes anteriormente desconhecidos na literatura.

Dentro destes genomas, foram caracterizadas 530 novas proteínas funcionais, incluindo nove proteínas envolvidas na fotossíntese. Isto indica que estes vírus podem ser capazes de manipular o seu hospedeiro e o processo de fotossíntese durante a infeção.

“Ao compreender melhor a diversidade e o papel dos vírus gigantes no oceano e como interagem com algas e outros micróbios oceânicos, podemos prever e gerir proliferações nocivas de algas, que são perigos para a saúde humana em todo o mundo”, explica Mohammad Moniruzzaman, professor da U.Miami e coautor do estudo, em comunicado da universidade.

“Os vírus gigantes são frequentemente a principal causa de morte para parte do  fitoplâncton, que serve como base da cadeia alimentar que sustenta os ecossistemas oceânicos e fontes de alimento. As novas funções encontradas nos vírus gigantes podem ter potencial biotecnológico, já que algumas destas funções podem representar enzimas novas”, acrescenta o investigador.

“Descobrimos que os vírus gigantes possuem genes envolvidos em funções celulares como o metabolismo do carbono e a fotossíntese — tradicionalmente encontrados apenas em organismos celulares”, diz o autor principal do estudo, Benjamin Minch.

“Isto sugere que os vírus gigantes desempenham um papel desproporcional na manipulação do metabolismo do seu hospedeiro durante a infeção e influenciam a biogeoquímica marinha”, acrescenta Minch.

“Este estudo permitiu-nos criar uma estrutura para melhorar as ferramentas existentes para detetar novos vírus que poderiam ajudar na nossa capacidade de monitorizar a poluição e os agentes patogénicos nas nossas vias fluviais”, conclui o investigador.

ZAP //

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