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Descoberto novo planeta anão no Sistema Solar

Alex Parker / OSSOS

Renderização da órbita de RR245 (linha amarela). Os objetos de brilho idêntico ou superior estão legendados. O Centro de Planetas Menores descreve o objeto como o 18º maior objeto da Cintura de Kuiper

Renderização da órbita de RR245 (linha amarela). Os objetos de brilho idêntico ou superior estão legendados. O Centro de Planetas Menores descreve o objeto como o 18º maior objeto da Cintura de Kuiper

Uma equipa internacional de astrónomos anunciou esta terça-feira a descoberta de mais um planeta-anão no Sistema Solar, cuja órbita tem o ponto mais distante a 19 mil milhões de quilómetros do Sol.

Provisoriamente batizado de 2015 RR245 pelo Centro de Planetas Menores da UAI (União Astronómica Internacional), o nano-planeta tem um diâmetro de cerca de 700 quilómetros e faz uma das maiores órbitas para essas dimensões, segundo o Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) de França, uma das organizações envolvidas.

Numa órbita que o CNRS classificou como improvável e que o planeta demora 700 anos a completar, a luz solar demora 18,5 horas terrestres a chegar à superfície do RR245.

O astro, descoberto na Cintura de Kuiper – o disco de pequenos mundos gelados para lá de Neptuno -, foi detetado pela primeira vez em fevereiro com um Telescópio do Canadá-França-Hawaii (CFHT) em Mauna Kea, no Havai, a partir de imagens originadas em setembro de 2015 como parte do levantamento OSSOS (Outer Solar System Origins Survey).

A equipa de investigação descreve que a grande maioria dos planetas-anões foi criada durante o caos provocado quando os planetas gigantes se deslocaram para tomarem as atuais posições.

É “um dos escassos planetas-anões que sobreviveram até aos nossos dias, como Plutão e Éris, o maior dos planetas anões conhecidos”, disse o CNRS.

Apenas foi observado durante um ano, pelo que os cientistas dizem que não se sabem as suas origens e como vai evoluir a órbita no futuro, mas admitem que o seu tamanho e luminosidade permitem ser estudados para tirar mais conclusões acerca do Sistema Solar.

Despojos de gigantes

OSSOS

Imagens da descoberta de RR245. As imagens mostram o lento movimento de RR245 ao longo de três horas

“Os mundos gelados para lá de Neptuno esboçam como os planetas gigantes se formaram e se moveram para longe do Sol. Permitem-nos desvendar a história do nosso Sistema Solar. Mas quase todos estes mundos gelados são dolorosamente pequenos e ténues: é realmente emocionante encontrar um grande e brilhante o suficiente para o podermos estudar em detalhe,” comenta a investigadora Michele Bannister, da Universidade de Victoria, na Columbia Britânica, pós-doutorada que pertence ao levantamento OSSOS.

JJ Kavelaars, do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, avistou o RR245 pela primeira vez em fevereiro de 2016, em imagens do levantamento OSSOS obtidas em setembro de 2015.

“Lá estava no ecrã – este pequeno ponto de luz que se movia tão lentamente que tinha que estar, pelo menos, ao dobro da distância que Neptuno está do Sol,” afirma Bannister.

A equipa ficou ainda mais animada quando perceberam que a órbita do objeto o leva para mais de 120 vezes a distância entre a Terra e o Sol. O tamanho de RR245 não é ainda conhecido com exatidão, pois as suas propriedades de superfície precisam de ser medidas com maior precisão.

Ou é muito pequeno e brilhante, ou grande e sem brilho“, especulam os investigadores.

RR245 orbita agora o Sol entre a população remanescente de centenas de milhares de objetos trans-neptunianos muito mais pequenos, cuja órbita da sua maioria é invisível.

Estes mundos que giram tão longe do Sol têm uma geologia exótica com paisagens feitas de diversos materiais gelados, como revelou a recente passagem da sonda New Horizons por Plutão.

OSSOS

O RR245 está numa órbita altamente elíptica há pelo menos 100 milhões de anos. Depois de centenas de anos a mais de 12 mil milhões de quilómetros (80 UA) do Sol, RR245 viaja em direção ao seu periélio (posição orbital mais próxima do Sol) a cinco mil milhões de quilómetros (34 UA), onde chegará por volta de 2096.

Dado que o RR245 só é observado há quase um ano, entre os 700 que leva para completar uma volta em torno do Sol, ainda não sabemos a sua origem e como é que a sua órbita vai evoluir no futuro distante; a sua órbita precisa será refinada ao longo dos próximos anos e só nessa altura receberá um nome oficial.

Como descobridores, a equipa OSSOS pode submeter o seu nome preferido para RR245 à UAI, que o terá em consideração.

“O OSSOS foi desenhado para mapear a estrutura orbital do Sistema Solar exterior a fim de decifrar a sua história,” explica Brett Gladman, da Universidade de Columbia Britânica em Vancouver. “Embora não tenha sido concebido para detetar de forma eficiente planetas anões, estamos muito satisfeitos por ter encontrado um numa órbita tão interessante.”

O RR245 é a maior descoberta e o único planeta anão encontrado pelo levantamento OSSOS, que até agora detetou mais de cinco centenas de novos objetos trans-neptunianos.

Os levantamentos anteriores mapearam quase todos os planetas anões mais brilhantes.

O 2015 RR245 pode muito bem ser um dos últimos grandes mundos para lá de Neptuno até que telescópios maiores, como o Large Synoptic Survey Telescope (LSST), entrem em operação em meados da década de 2020.

ZAP / Lusa / CCVAlg

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