É o fim de um mistério que intrigava o mundo das artes há mais de 150 anos. Por trás da vulva mais famosa do mundo, imortalizada no quadro mais controverso de Gustave Courbet, está uma bailarina que depois se tornou filantropa.
O historiador francês Claude Schopp descobriu finalmente a identidade da mulher da célebre pintura “A Origem do Mundo“, de Gustave Courbet, realizada em 1866 e que mostra a vulva de uma mulher, até então desconhecida.
De acordo com o Le Parisien, trata-se de Constance Quéniaux, uma bailarina da Ópera de Paris, nascida em 1832, e que tinha 34 anos quando foi imortalizada no famoso e polémico quadro deste pintor francês.
Quéniaux foi amante do diplomata do Império Otomano Halil Serif Pahsa, ou Khalil-Bey, o grande colecionador de obras de arte que terá encomendado a tela. Além da provocação clara, o anonimato da modelo também intrigou o mundo das artes durante 152 anos.
O jornal escreve que Schopp fez esta descoberta por mero acaso, quando estava a passar em revista as cartas de Alexandre Dumas filho, grande amigo de Courbet, à romancista George Sand. No documento, o autor de “A Dama das Camélias” revela o nome da mulher que serviu de modelo para a pintura.
“Foi como se se fizesse luz. Normalmente faço descobertas depois de muito trabalho, mas encontrei isto sem procurar. É injusto”, disse o historiador à AFP, citado pelo Público.
Em declarações ao jornal Libération, Sylvie Aubenas, a diretora do Departamento de Pintura e Fotografia da Biblioteca Nacional de França, diz que tem 99% de certeza de que Quéniaux é o rosto por trás “da vulva mais famosa da história da arte”.
Além disso, garante a especialista, “os cabelos e as sobrancelhas negras” desta bailarina, que não passavam despercebidos naquela época e que ainda hoje se encontram registados nas fotografias históricas, são coerentes com o retrato do seu órgão genital.
Até agora, os especialistas desta área acreditavam que a mulher que posou para Courbet seria Joanna Hiffernan, companheira na época do pintor norte-americano James Whistler e que posava para ambos (já tinha sido retratada em “Jo, La belle Irlandaise”, em 1865).
A recente descoberta está agora retratada no novo livro de Schopp – “L’Origine du monde, vie du modele” – que irá ser lançado a 4 de outubro em França. Especializado na obra de Alexandre Dumas, tanto pai como filho, o vencedor do Prémio Goncourt de Biografia, em 2017, reconstitui toda a vida da bailarina, que depois se tornou filantropa.
Para realizar esta pesquisa, o biógrafo foi até a cidade natal da bailarina, na região da Normandia, onde descobriu que, proveniente de uma família pobre, Quéniaux passou da prostituição à carreira na Ópera, “graças ao seu charme e inteligência”, características que a ajudaram a superar barreiras entre classes sociais.
O rosto da célebre modelo poderá ser admirado numa exposição realizada pela Biblioteca Nacional da França, em Paris, a partir de 16 de outubro.
ZAP // RFI
“…por detrás da vulva mais famosa…”. Vulva?????!!!!!!
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