IGA / Istanbul New Airport

Novo aeroporto de Istanbul
Elementos da comissão parlamentar de economia e obras públicas foram à Turquia. Presidente nega relação com a frase de Ventura.
Miguel Santos (PSD), Pedro Coimbra (PS), Gonçalo Lage (PSD), Hugo Costa (PS) e Filipe Melo (Chega). Os cinco deputados entraram num avião rumo à Turquia para ver um aeroporto.
O aeroporto em causa é o já famoso aeroporto de Istambul: o concurso público foi iniciado em 2013 e a estrutura ficou pronta em 2018. Um recorde para obras desta dimensão.
Investimento de 10 mil milhões de euros, com empréstimo com garantia do Estado da Turquia. Contrato de concessão para construção e exploração válido até 2042.
Lia-se nos cartazes daquela altura que esta obra “não é apenas um aeroporto – é um monumento à vitória”.
Nem tudo foi uma vitória: a pressa para que a obra ficasse pronta terá sido a responsável pela morte de 27 trabalhadores durante a sua construção.
Hoje tem três pistas, 1.500 movimentos por dia e 110 movimentos por hora. Ainda está a ser expandido e, em 2027, deverá estar concluído e receber 200 milhões de passageiros por ano (mais do dobro dos números de agora).
Talvez pela rapidez, talvez por ser considerado o melhor aeroporto do mundo por vários especialistas, os deputados portugueses da comissão parlamentar de economia e obras públicas foram ao local.
Ou talvez por causa da famosa frase de André Ventura, na Assembleia da República, quando lembrou que o aeroporto de Istambul ficou pronto em 5 anos e disse: “Os turcos não são propriamente conhecidos por serem o povo mais trabalhador do mundo. O que pergunto é que por que diabo demoramos 50 anos para decidir, 15 para fazer e mais não sei quantos para ter obra. Somos muito melhores que os turcos, chineses, albaneses”.
O líder do Chega abordava o prazo de 10 anos para o novo aeroporto de Lisboa, numa previsão anunciada pelo Governo.
Quase um ano depois, mais concretamente no mês passado, em Fevereiro, os deputados estiveram dois dias em Istambul, numa viagem totalmente paga pelo orçamento da própria comissão.
Miguel Santos (PSD) é o presidente da comissão e garantiu ao Observador que esta viagem não esteve relacionada com “a pantomina que o deputado André Ventura fez no Parlamento de desconsideração face a um povo amigo com quem temos relações históricas”.
A visita foi feita porque há semelhanças entre os dois casos: o antigo aeroporto de Istambul também estava dentro da cidade, e no limite da capacidade – e o Governo turco também avançou para um novo, transferindo todas as viagens para a nova estrutura.
O relatório oficial indica que a visita teve o intuito de “melhor capacitar os membros da comissão, no que concerne aos distintos processos de decisão subjacentes à construção do futuro novo aeroporto de Lisboa”. O documento ainda vai ser entregue ao Governo.
Enquanto estiveram em Istambul, os cinco deputados portugueses reuniram com o ministro dos Transportes e Infraestruturas, com a administração do aeroporto, com responsáveis da Turkish Airlines e com a comissão parlamentar turca.
Há promotores turcos interessados em assinar parcerias público-privadas em Portugal, incluindo na aviação.
Mas o ministro da Infraestruturas e Transportes da Turquia, Abdulkadir Uraloğlu, disse que está “preocupado”: a gestão da concessão do aeroporto não deveria ser feita apenas à Vinci.
É precisamente a Vinci que confirma que a construção do aeroporto Luís de Camões custará 8,5 mil milhões de euros e só estará pronto em 2037.
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