Em entrevista ao Negócios, Paulo Trigo Pereira diz não entender porque é que o deputado não pode ser tratado como qualquer trabalhador do setor público ou privado.
Paulo Trigo Pereira, o deputado não inscrito que recentemente se desvinculou da bancada do PS, disse esta segunda-feira que os deputados têm um estatuto privilegiado “em relação a certas coisas”, algumas das quais “injustificadas”.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Trigo Pereira dá um exemplo: o deputado não percebe porque é que os deputados podem justificar as faltas com motivo de força maior.
“‘Força maior’ não se sabe bem o que quer dizer e já foi mal utilizado em anos anteriores. Eu fiz uma proposta para que se colocasse no estatuto do deputado o que está no Código de Trabalho: facto não imputável ao deputado. Essa proposta foi derrotada“, lamentou.
Desta forma, Trigo pereira diz não compreender porque é que o deputado não pode ser tratado como qualquer trabalhador do setor público ou privado. Além disso, acrescenta que a sua proposta “foi a única que existiu neste sentido na comissão de transparência”.
“Se me perguntar qual é razão para estar lá aquela expressão… eu não consigo encontrar. E não consigo entender que haja este tipo de tratamento diferenciado em relação a todos os outros trabalhadores que têm de justificar as suas faltas”, afirmou.
Por outro lado, o deputado independente defendeu que deveriam existir “fortes incentivos para os deputados estarem em exclusividade”. Neste sentido, sublinha que o suplemento que existe – que ronda os 300 euros – é “muito pequeno” e até “irrisório” se comparado com profissões com um ““nível de qualificação semelhante”.
Na mesma entrevista, Paulo Trigo Pereira falou da sua saída do grupo parlamentar do PS, afirmando que foi um “divórcio amigável“. No entanto, lembrou que foi afastado de uma discussão onde queria ter tido a palavra.
“Não falar na discussão do Orçamento do Estado e no Programa de Estabilidade, os pontos altos em termos parlamentares, significa que o grupo parlamentar não necessitava do seu, na altura, vice-presidente da Comissão de Orçamento e Finanças”, concluiu.
Mais uma prova de que o grande “sacerdócio dos deputados” é defender os interesses… DELES!
E depois admiram-se do grande incremento do populismo…