No Reino Unido, os patrões estão a usar uma tática pouco ortodoxa para diminuir os salários dos seus trabalhadores: basta “despedir e recontratar”.
A prática consiste em demitir os funcionários e recontratá-los, oferecendo-lhes os seus antigos empregos, mas com salários e condições piores. Apesar de ser uma prática ilegal em toda a Europa, tornou-se muito comum nas empresas britânicas que procuram economizar recursos durante a pandemia de covid-19.
Um trabalhador vítima desta tática – que trabalha na Jacobs Douwe Egberts (JDE), uma fábrica de café em Banbury, Oxfordshire -, contou à Vice que, no novo contrato, “perderia 12.000 libras [quase 14.000 euros] por ano e o novo turno seria de dois dias, duas noites em turnos de 12 horas”.
Os trabalhadores desta empresa deveriam assinar o novo contrato até ao dia 17 de maio, mas a JDE reiniciou as negociações com a Unite, o sindicato que representa os funcionários, depois de terem ameaçado fazer greve. As negociações fracassaram e a greve de 24 horas – a terceira durante a disputa – avançou no dia 26 de maio.
Como não chegaram a nenhum consenso até agora, os trabalhadores vão avançar com uma nova greve este sábado. A luta também motivou os trabalhadores das fábricas da JDE em França, Holanda e Alemanha, que lançaram campanhas de solidariedade e estão a considerar fazer greve.
Um levantamento publicado pelo Congresso Sindical, em janeiro deste ano, revelou que, durante a pandemia, um em cada dez trabalhadores foi instruído a candidatar-se aos seus empregos, mas em piores termos e condições, caso contrário seria despedido.
Três quartos da população britânica considera que a tática deveria ser proibida, com o próprio primeiro-ministro, Boris Johnson, a considerá-la inaceitável.
Jacob Rees Mogg, líder de direita da Câmara dos Comuns, disse no Parlamento que “os empregadores que ameaçam demitir e recontratar como tática de negociação estão a fazer algo que é errado e que os patrões decentes não fazem”.
Mas, embora o Governo condene a prática, as empresas em dificuldades financeiras continuam a usá-la para salvar empregos.