O primeiro-ministro considerou insultuosas as acusações proferidas pelo presidente do PSD sobre a escolha do professor universitário Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Numa publicação na sua conta oficial na rede social Twitter, Rui Rio escreveu que a escolha de Pedro Adão e Silva para liderar a comissão executiva das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril é uma “compensação” do PS pelos comentários feitos nos media.
“O PS tem os seus ‘comentadores independentes’ espalhados pelos diversos canais para vender a propaganda socialista e tentar destruir os adversários … mas esse trabalhinho tem um preço. Chegou a vez de Pedro Adão e Silva receber a compensação. Pagamos nós; com os nossos impostos”, criticou Rui Rio.
Confrontado pela agência Lusa com esta posição do líder social-democrata, António Costa respondeu: “É uma declaração tão insultuosa que, por uma questão de respeito com o líder da oposição, me exige que a ignore“.
Escolha teve aval de Marcelo e é “muito consensual”
O Presidente da República disse também esta terça-feira que a escolha de Pedro Adão e Silva pelo Governo para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril teve o seu aval e considerou-o “muito consensual”.
Questionado pelos jornalistas sobre esta escolha, durante um percurso a pé no concelho de Câmara de Lobos, na Madeira, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Foi uma escolha do Governo, mas com o meu aval”.
O chefe de Estado descreveu Pedro Adão e Silva, professor universitário e comentador político, que foi membro da direção nacional do PS durante a liderança de Ferro Rodrigues, entre 2002 e 2004, como “um politólogo, até mais do que historiador, atento à realidade contemporânea do país, muito consensual”.
“Embora predominantemente mais no centro-esquerda do que à direita, mas muito consensual no quadro de uma data como é o 25 de Abril, e que terá certamente uma estrutura de apoio muito variada. Não vejo qual seja a razão em termos de competência e de qualificação e até conhecimento da realidade portuguesa para ser questionado”, acrescentou.
A escolha de Pedro Adão e Silva para estas funções foi contestada pelo presidente do PSD, Rui Rio, que o apontou como “uma pessoa marcadamente do PS, que aparece nas televisões há muitos anos sempre a defender as posições do Governo e do PS e a atacar permanentemente as oposições”.
Mas também o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues do Santos, contestou a escolha, considerando que “insulta os portugueses”, qualificando Pedro Adão e Silva como “um dos protegidos do ‘socialistão’, amplamente conhecido enquanto porta-voz da propaganda socialista”.
“António Costa, exijo que escolha outra pessoa, de preferência com indiscutível currículo para a função, reduza drasticamente os custos e a duração desta comissão”, escreveu Francisco Rodrigues dos Santos numa nota enviada aos jornalistas e divulgada nas redes sociais.
Perante esta polémica, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que “a designação que pertence ao Presidente é a da Comissão Nacional” das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que será presidida pelo antigo chefe de Estado António Ramalho Eanes.
“Já sabem que o presidente é Ramalho Eanes, que ficou de propor nomes, e até o número de membros da Comissão Nacional, que eu aceitarei, obviamente, quaisquer que sejam os nomes que ele proponha”, adiantou.
Segundo o Presidente da República, “esta estrutura em três comissões é uma estrutura sensata”, com Ramalho Eanes à frente da Comissão Nacional, “que tem a palavra decisiva sobre o programa”, depois “uma estrutura de acompanhamento e aconselhamento onde os militares de Abril terão uma presença forte” e “uma estrutura executiva que tem de ser naturalmente mais jovem”.
Interrogado se considera que esta é polémica sem sentido, respondeu: “Não sei. Sabe que democracia significa que não há duas opiniões iguais sobre ninguém. Há quem não goste, há quem goste, faz parte da lógica da democracia”.
“Não vejo razão substancial para [Pedro Adão e Silva] não exercer essa função com as qualidades que são necessárias: o conhecimento da matéria, imaginação inventiva. É relativamente jovem em relação ao período do 25 de Abril, mas isso é compensado pelo facto de haver figuras mais velhas que viveram o 25 de Abril e, portanto, compensam essa questão geracional”, considerou.
Pedro Adão e Silva foi membro do Secretariado Nacional do PS entre 2002 e 2004, sob a liderança de Ferro Rodrigues, e abandonou logo depois a vida partidária.
Em 27 de maio, o Conselho de Ministros aprovou a criação de uma estrutura de missão para organizar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinala em 2024, nomeando Pedro Adão e Silva como comissário executivo.
Pedro Adão Silva é professor auxiliar do departamento de ciência política e políticas públicas no ISCTE, diretor do Doutoramento em Políticas Públicas da mesma instituição e comentador em vários órgãos de comunicação social, como a TSF, RTP ou o Expresso.
A par da estrutura de missão vai funcionar, junto da Presidência da República, uma Comissão Nacional, presidida pelo antigo Presidente da República Ramalho Eanes, que terá a responsabilidade de “aprovar o programa oficial das comemorações e os relatórios de atividades”.
ZAP // Lusa
O Rui Rio tem toda a razão nesta matéria. A verdade é que ainda há uns anos atrás este Pedro Adão e Silva dizia alto e bom som que não havia corrupção em Portugal. Isto vindo de um sociólogo, leva-me a questionar se terá tirado o curso a um domingo. Um sociólogo deve ter uma mente muito mais aberta que lhe permita questionar o que há atrás das diferentes fachadas. Aparentemente, esta criatura vê apenas as fachadas.
É um boy do PS e está a ser principescamente pago por todos nós, após os muitos anos ao serviço do PS nos habituais espaços de comentário onde participa.
Num evento que deveria dignificar a democracia, temos mais uma evidência que neste país é preciso ter o cartão do partido certo para se ser alguém na vida. Lamentável. A democracia esgotou. Precisamos de um novo modelo que possibilite uma maior responsabilização dos atores públicos e que estes, de uma vez por todas, compreendam que apenas lhes damos o direito de gerir o NOSSO DINHEIRO temporariamente. Ao elegê-los não se tornam DONOS da coisa pública. Têm de a gerir e apresentar contas ao povo. O que se passa em Portugal é lamentável. Cada partido que alcança o governo tem um livre trânsito para negociatas, esquemas, roubos descarados. E tudo isto só é possível porque a justiça é ainda mais mal frequentada do que a política. E muitos falam que é sempre possível penalizá-los nas urnas. Não, não é. O primeiro-ministro provém sempre do PS ou do PSD. E nestes partidos apenas meia-dúzia de pessoas “elege” verdadeiramente os seus líderes (essencialmente os presidentes das principais distritais; não venham falar de diretas porque na prática é assim que tudo funciona). Logo, o povo vota em quem estes senhores escolhem. Em sínteses, os Portugueses são usados de 4 em 4 anos e logo imediamente descartados para que as negociatas se iniciem.
A democracia em Portugal morreu.
“A democracia esgotou.”
“A democracia em Portugal morreu.”
Não discordando do resto, qual é o objetivo destes disparates “à Ventura”??