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Ilegal, injusta e nojenta. Chovem críticas à decisão das subidas e descidas na II Liga

FPF

O presidente da Liga Portuguesa de Futebol, Pedro Proença.

A decisão da Liga Portuguesa de Futebol Profissional relativamente às subidas e descidas da II Liga não caiu bem no seio do futebol português. Entre clubes e jogadores, multiplicam-se as críticas ao desfecho do segundo escalão.

O Cova da Piedade vai reagir contenciosamente contra a “ilegalidade” que considera ser a despromoção ao Campeonato de Portugal, decidida pela direção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), anunciou esta terça-feira o penúltimo classificado da II Liga.

A direção da LPFP determinou a despromoção dos dois últimos classificados da II Liga, no momento da suspensão do campeonato por tempo indeterminado, decisão que afeta diretamente o Casa Pia e o Cova da Piedade, clube que acusa a mesma de “violar o mérito desportivo” e ainda “causar graves e irreparáveis danos” àquela SAD.

Através de um comunicado, a SAD piedense, que integra também o painel diretivo da LPFP, esclareceu ainda que foi impedida de exercer o seu direito de voto por “razões legais e regulamentares”.

O clube acusou também a Liga de introduzir no regulamento de acesso à ajuda financeira, devido à pandemia de covid-19, uma norma pela qual só terão direito ao apoio aqueles que “abdiquem de impugnar o teor do regime aprovado para as subidas e descidas” e considerou que esta alínea se reveste de “gravidade acrescida”, uma vez que essa ajuda será feita com “dinheiro que legitimamente pertence a tais clubes e sociedades desportivas”.

Num comunicado menos assertivo, o Casa Pia sustenta que analisará a decisão da LPFP antes de assumir uma posição definitiva.

Estoril critica decisão da Liga

Também o Estoril reagiu nos canais oficiais do clube, adiantando que discorda tanto “da decisão do Governo” quanto da “decisão da direção da Liga, de suspender em definitivo” a II Liga. O presidente da SAD, o norte-americano Jeffrey Saunders, sustenta ser “tempo de analisar com pormenor a decisão que foi tomada e as respetivas consequências, de modo a ponderar qual a melhor forma de atuar”.

“Reconhecemos que a saúde está, e deve estar sempre, em primeiro lugar, mas era essencial que tivessem sido detalhados os elementos objetivos em que o Governo se baseou para tomar esta medida de tratamento desigual… Questionámos a Liga sobre esta matéria, mas até à data ainda não obtivemos qualquer resposta”.

“A verdade é que a Liga, apesar de dividida em duas divisões, é apenas uma e todas as sociedades desportivas que participam nas competições profissionais respeitaram um exigente processo de licenciamento no início da época desportiva, pelo que mereciam, na nossa opinião, um tratamento igual, o que não está a acontecer”.

Durante o dia, o plantel do Ac. Viseu assumiu uma posição de “indignação” pelo desfecho da II Liga. Embora o 8.º lugar que ocupava à 24.ª jornada deixasse, em teoria, os viseenses fora da corrida pela subida e também a salvo de uma despromoção, os jogadores manifestaram-se para criticar de forma veemente a solução encontrada, que classificam de discriminatória.

“Isto enoja-me e vai contra tudo o que me ensinaram”

Poucas horas depois de conhecer a decisão da Liga, Edinho, veterano avançado do Cova da Piedade, criticou arduamente os dirigentes do futebol português.

“Sinceramente não me surpreende. Primeiro porque os jogadores não foram ouvidos em nenhuma das vezes. Somos os protagonistas, somos talvez as pessoas que mais sofremos com isto e a nossa profissão e família depende disto. Se a 1.ª Liga vai retomar pode haver condições para a 2.ª Liga também. Não há profissionais de primeira e segunda. Temos os mesmos direitos de igualdade e oportunidades e isso não aconteceu”, começou por dizer Edinho em declarações à SPORT TV.

“Estou aqui a representar todos os meus colegas da 2.ª Liga, temos um grupo e temos estado em contacto. Todos mostrámos desde o início que se houvesse condições para o fazer, estávamos dispostos a jogar. A verdade é que a maior parte dos dirigentes não o quis, porque está tudo envolto na questão financeira. Essa é que é a verdade desportiva que temos de realmente ver. É tudo uma questão financeira”, acrescentou, citado pelo Record.

Com ainda 30 pontos para disputar, o internacional português considera que lhes foi retirado o sonho. “Onde está a verdade desportiva? Vamos descer o Cova da Piedade e o Casa Pia, para poderem descer duas equipas da I Liga… mas essas vão ter oportunidade de lutar”, atirou.

“A maioria dos dirigentes não quis que existissem jogos pela questão financeira. Estão obrigados a aceitar uns trocos. Foram vistas todas as medidas ou é mais fácil terminar a II Liga porque esta não gera o dinheiro que a I Liga gera? Se isto é um negócio, que o admitam”, reiterou.

“Acordo todos os dias a querer mostrar e dar o exemplo, mas o futebol não é isto. Isto enoja-me e vai contra tudo aquilo que me ensinaram que é o futebol. Até podíamos descer, mas tinha de ser no campo, dando tudo”, disparou.

O jogador falou ainda sobre o caso do Feirense, clube que já representou e que era terceiro classificado da II Liga, falhando por uma posição a promoção à I Liga. “O Feirense é um clube sério, tem condições e paga a horas. Estavam num grande momento e cortaram-lhes as pernas, sem que pudessem reagir”, disse, citado pelo jornal OJOGO.

ZAP // Lusa

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