David Justino, vice-presidente do PSD, diz que seria “incompreensível” se Rui Rio não se recandidatasse e assume que a candidatura de Paulo Rangel não está em reflexão. “Está mais do que refletido.”
Não é de agora. Paulo Rangel “meteu na cabeça que é candidato” à liderança do PSD desde o início do ano. “Não vale a pena a gente estar aqui com meias-tintas. Paulo Rangel já é candidato há muito tempo”, disse David Justino, vice-presidente do partido, em entrevista ao Interesse Público.
Confrontado com o facto de o candidato estar em reflexão, Justino diz não acreditar. “Está mais do que refletido.”
Rangel já foi apoiante de Rio, pelo que Justino o acusa de “deslealdade”. “Não gosto de usar o termo ‘traição’, mas que há algum deslealdade há. Não tenho grandes dúvidas, mas cada um fica com a sua. Aquilo que para mim pode ser deslealdade, para outro lado pode não ser deslealdade, mas para mim é uma deslealdade”, atirou.
Para o justificar, o vice-presidente social-democrata lembra o facto de o convite que Rui Rio lhe fez para ser candidato à Câmara do Porto ter sido divulgado publicamente.
“Na forma como a informação chega à comunicação social, percebemos logo. Paulo Rangel, ao tomar esta posição, rejeitando a Câmara do Porto e divulgando a sua recusa… O problema não é rejeitar. Foi uma conversa entre ele e o dr. Rui Rio, mais ninguém sabia”, afirmou, na entrevista.
Na ótica de Justino, Rangel queria ser candidato à liderança do PSD e a entrevista ao programa Alta Definição, da SIC, é prova disso.
Um outro sinal da provável candidatura remonta a 24 de agosto, altura e que Maria João Avillez anuncia que o Rui Rio “tem de sair” e que “Rangel é candidato e já tinha dito ao Presidente da República, independentemente de o PSD ter ou não um bom resultado autárquico”.
“O que é isto? Isto é a afirmação de uma candidatura. Não vale a pena a gente estar aqui com meias-tintas. Paulo Rangel já é candidato há muito tempo”, sublinhou.
“Depois, vem aquela famosa entrevista que é uma espécie de exercício de narcisismo político em que ele, no fundo, abre caminho a isso. A gente pode estar aqui com paninhos quentes, com jogos de figuras chinesas, mas as coisas têm de ser claras e são tão claras e tão simples quanto isso. Não creio que Paulo Rangel esteja em reflexão. Está mais que refletido. E isso é positivo. Vamos ver. Os militantes do PSD é que decidirão, mas até lá faltam três meses, três meses e meio”, resumiu David Justino.
Já quanto à recandidatura de Rui Rio, “seria incompreensível” que o atual presidente do partido não se candidatasse. “Ninguém iria perceber, nomeadamente aqueles que votaram no PSD, que o dr. Rui Rio não fosse candidato.”