Os primeiros meses do novo Governo de António Costa não foram marcados pela calma que costuma caracterizar o período pós eleitoral. Do caos na saúde à floresta a arder, com polémicas dentro do próprio Executivo, a oposição deve aproveitar o debate de hoje para desgastar ainda mais o elenco governativo.
Pouco mais de cinco meses distam desde aquela noite de janeiro em que o país assistiu com surpresa à conquista da maioria absoluta socialista, depois de semanas em que as sondagens apontavam para o encurtar de distâncias para o PSD de Rui Rio com maior tração nas ruas. Após a confirmação dos resultados, António Costa foi perentório (e rápido) em afirmar que governar em maioria absoluta não significaria governar em “absolutismo” — uma ideia que os seus críticos lhe têm apontado com frequência ao longo das últimas semanas.
De facto, o clima de êxtase que se viveu no Hotel Altis não poderia contrastar mais com o cenário atual do Executivo. O estado de graça típico dos novos governos durou pouco, já que pouco após a vitória eleitoral o país e o mundo se viram confrontados com um acontecimento histórico para o qual poucos países estavam preparados: a invasão russa à Ucrânia, cujas consequências para Portugal não foram devidamente acauteladas e respondidas, acusa a oposição.
Dando continuidade a uma tendência que já se fazia sentir desde o fim do ano anterior, os preços dos produtos e serviços têm vindo a aumentar, alicerçados numa inflação que promete não dar tréguas tão cedo. Neste âmbito, a esquerda bate-se pelo aumento dos salários, de forma a assegurar o poder de compra da população, mas António Costa e Fernando Medina recusam essa possibilidade, alegando que assim o Governo estaria a “alimentar a escalada inflacionista“.
Mesmo assim, o primeiro-ministro chegou a deixar o apelo aos empresários para que aumentassem os salários em 20% ao longo dos próximos quatro anos, com vista à fixação do talento nacional.
Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, sublinhou ao Expresso que “é preciso uma resposta para o aumento do custo de vida, quer pela parte dos salários, quer pela parte do controlo dos preços”. No entender do deputado, não chega “empurrar os problemas com a barriga” e usar a maioria absoluta como “tampão” para os ouvidos.
Já à direita, as críticas feitas por Luís Montenegro, novo líder do PSD, seguem a linha das do seu antecessor: “o Estado está a ganhar dinheiro com o aumento da inflação”, ao mesmo tempo que o “país está a empobrecer”. Para os sociais-democratas, o caminho passa por usar o excedente da receita fiscal para ajudar quem mais precisa e, ao mesmo tempo, promover o crescimento do país em linha com os restantes países da União Europeia.
Enquanto a discussão sobre a perda de rendimentos continua, Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS, prefere destacar outros números, como a taxa de desemprego “historicamente baixa” e o crescimento económico do último ano com “convergência com a União Europeia”. Como tal, aponta o ano de 2021 como um “particularmente positivo“.
Mas não só de inflação se fazem os problemas do Governo. Dentro de portas, o mês de junho ficou marcado por uma crise nos serviços de urgência de obstetrícia que rapidamente se alastrou aos restantes. A falta de médicos há muito que está diagnosticada, mas a sequência de feriados e as férias dos profissionais de saúde deixou a nu um problema que, nas justificações do Governo, se prolonga devido à pandemia e à realização das eleições antecipadas que atrasaram uma série de medidas.
Durante semanas, Marta Temido esteve sob fogo, mas resistiu aos múltiplos pedidos de demissão que surgiram da direita, a mesma que acusa o Governo de cegueira ideológica em relação à participação do privado e do social na prestação dos cuidados de saúde. A Esquerda, por sua vez, pede medidas como a “dedicação exclusiva” ou o alargamento de incentivos para a fixação de profissionais em áreas com maior carência. A resposta deu-se com a aprovação do novo estatuto do SNS, o qual inclui a criação de uma direção executiva para coordenar a resposta em rede e atribuir mais autonomia aos centros de saúde.
A dúvida agora prende-se com o resto do mês de julho e agosto, períodos difíceis por natureza no Serviço Nacional de Saúde.
Mas não só. As temperaturas atípicas das últimas semanas recordaram os portugueses dos verões mais negros da história do país — após os anos que se seguiram aos incêndios de 2017 e que ficaram marcados por níveis inferiores de área ardida. A presença de António Costa no terreno foi notada, assim como os apelos de consciência coletiva para que se evitassem comportamentos de risco nas imediações de zonas florestais — na opinião do primeiro-ministro, a prevenção é sempre o melhor caminho.
Há, no entanto, quem veja a estratégia como uma manta de “remendos” que evidencia a incapacidade do Governo em antecipar os problemas. É o caso de João Cotrim de Figueiredo, que acusa o Executivo de “não planear a forma de resolver os problemas”, seja na questão das florestas, mas também nas áreas da saúde, educação e transportes. “Assiste-se a uma degradação exatamente porque não se antecipa, não se planeia, não se resolve“.
O tema da gestão florestal é caro para os portugueses e a oposição sabe disso. Logo no discurso de encerramento do congresso do PSD, Luís Montenegro anunciou que o seu primeiro ato como líder seria uma visita a Pedrógrão Grande, uma opção que foi prontamente reprovada por Carlos César. “É preciso dizer que a reforma florestal que o governo tanto anunciou não está a funcionar no terreno. É preciso dizer isso”, ressalvou o presidente social-democrata.
Outro dos chavões que será certamente aproveitado pela oposição no debate de hoje será a crise política que se viveu dentro do Governo, a propósito da construção do novo aeroporto de Lisboa e que evidenciou a má relação entre primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. A opção por não demitir o ministro, com a justificação de o episódio ter tido origem numa falha de comunicação, permite à oposição prolongar o tema e voltar à carga com as acusações de desnorte.
Em termos práticos, a reunião entre António Costa e Luís Montenegro ainda não aconteceu, o que deixa a situação do aeroporto indefinida durante mais umas semanas.
Pois. A incompetência vê-se nas alturas de crise. Quando os chamados governantes se vvêem a ter de tomar decisões concretas e de crise, não o sabem fazer e entramos no desgoverno… é o que está a suceder. Antes até os ministros incompetentes, (cabritas e outros semelhantes e vários secretários de estado conseguiam escapar da opinião pública porque tudo era permitido ao PS.
Agora… não é bem assim… Felizmente. E es dperemos que o ditadorzeco, aprenda a lidar com os portugueses e a respeitar os votos que lhe deram a maioria.
Temperaturas atípicas!. Onde estão.? Vivo no Alentejo há mais de 4o anos, e sempre nesta altura, asw temperaturas são iguais ás que tem estado este anos. Sómente mais humidade, por via da evapotranspiração do lado Alqueva, o que era de esperar. De resto, tudo está igual. Vêm agora estes trastes a desculparem-se com o calor. atípico. E, estudar o quê? sobre o excesso de mortes, quando as mesmas estão acontecendo, por falta da assistência que deveria ter sido dado ás pessoas sem convid, e não foi dado. Muitos dos hospitais estavam ás moscas, por ordens da senhora marta temido e Graça Freitas, pois teriam que estar de prevenção para os covides, que não chegavam a aparecer. Os que estavam infectados tinham e tiveram prioridade em se salvar relativamente a outros com doenças realmente diagnosticadas. Uma completa incompetência dessa Graça freitas , muitos médicos e sobretudo os virologistas que estavam ao serviço dos laboratórios, e tinham que espalhar o pânico, como aconteceu, em tudo e todos. As mortes estão agora acontecendo. Que gente sem escrúpulos, sem dignidade que nos governam.
Este governo é extremamente competente… em arranjar culpados para tudo o que se passa de mau na sua legislatura, e conseguir o crédito de tudo o que saiu bem.
Antes a culpa era do passos, até nos incêndios de Pedrógrão Grande conseguiu involver o Passos!!!
Agora temos uma divisão de culpas mas nenhuma para o Governo.
– Gestão da pandemia e os efeitos secundários dos confinamentos e outras medidas … a culpa foi da WHO / OMS, ele seguia as instruções deles (quando lhe era conveniente)
– estado actual do SNS … a culpa é das eleições antecipadas.
– incêndios … a culpa dos Portuguese, temos de evitar os comportamentos de risco, somos nós que temos de prevenir (limpar as matas, as bermas da estrada, criar caminhos de acesso as matas e fiscalizar as poucas leis que existem de prevenção não seria preciso se os portugueses prevenissem os incêndios)
– economia e inflação … a culpa é dos Russos e da guerra.
Esperamos as próximas crises para perceber quem vai ter culpa delas … certamente não será o governo, em último caso vai culpar todos os portugueses que lhe deram a maioria (e os que não votaram) porque coitadinho do Costa não estava preparado para governar com maioria e arcar sozinho com as culpas … tudo isto enquanto se pira para um cargo europeu.(se até o incompetente do Gutterres consegui um tacho na Europa!!! )
Estivesse lá o vosso partido e certamente fariam pior.
Ainda doi, não é?