Cruzes nazis invadem ruas de Gaia (e não é “uma brincadeira”)

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Arjan Veen  Images / Flickr

Mosteiro da Serra do Pilar, em Gaia

Dezenas de cruzes suásticas, associadas à ideologia nazi e ao anti-semitismo, têm aparecido em diversas ruas de Vila Nova de Gaia, no Porto, ao lado da frase “Free Palestine”. Observatório de Segurança encara a situação com “preocupação”.

As inscrições com as cruzes nazis têm aparecido no centro de Vila Nova de Gaia, nomeadamente na zona da estação de metro General Torres e em ruas próximas, ou junto à Escola Secundária António Sérgio.

O fenómeno estará associado ao conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza que se iniciou a 7 de Outubro passado, até porque ao lado das cruzes suásticas, tem surgido a frase “Free Palestine” [Libertem a Palestina].

Recentemente, também a sinagoga do Porto foi vandalizada com a mesma inscrição. E há dias noticiou-se que activistas pró-Palestina foram agredidos durante vigílias realizadas no Porto.

Estas situações reflectem o aumento da intolerância no nosso país, o que motiva a “preocupação” no Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), como constata à Rádio Renascença (RR) o investigador André Inácio.

Referindo-se às cruzes suásticas nas ruas de Gaia, o especialista em segurança nota que “as autoridades não devem tratar isto como se fosse uma brincadeira“.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia tem procedido à limpeza das inscrições. Mas continuam a surgir imagens que as mostram nas redes sociais, como é o caso de uma publicação no X, o antigo Twitter, de 7 de Novembro passado, que revela uma suástica desenhada ao lado da transcrição “Free Palestine”.

Anti-semitismo a voltar “com força” na Europa

O Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino (MPPM) rejeita qualquer ligação a estas inscrições com as cruzes nazis em Gaia. Já a representante da comunidade judaica do Porto, Gabriela Cantergi, refere na RR que é preciso analisar estas “manifestações anti-semitas” com “muito cuidado”.

Toda a comunidade judaica está em estado de “alerta na segurança” numa altura de grande tensão devido à situação “catastrófica” em Gaza por causa dos bombardeamentos israelitas.

Gabriela Cantergi queixa-se na RR de que há “uma grande confusão entre o que é ser um judeu, o que é ser um israelita e o que é concordar com o Governo” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Cantergi também considera que há na Europa um anti-semitismo “adormecido” que surge “com força” sempre que alguma coisa acontece no Médio Oriente.

“É um fogo descontrolado”

Por outro lado, André Inácio repara que estamos num tempo de extremismos perigosos e de intolerância que complica a situação, nomeadamente à luz do que se passa no Médio Oriente.

“Cada vez que temos uma manifestação a favor da Palestina ou a favor de Israel, estamos a suscitar ódios da parte oposta” e a “contribuir para a radicalização“, aponta o especialista do Observatório de Segurança.

André Inácio acrescenta na RR que em Portugal, a intolerância ainda não é tão grave como em França, Alemanha e Reino Unido, onde os sinais são “evidentes”.

Estão a ser atacadas mesquitas. Estão a ser atacadas sinagogas. Estão a marcar as casas das pessoas e isto é um fenómeno que alastra, isto é um fogo descontrolado”, constata o investigador, sublinhando que “ou se tomam medidas ou estas coisas vão estar pela Europa toda”.

Assim, André Inácio defende que os incidentes com as cruzes suásticas devem ser “investigados”, nomeadamente para que os autores das pinturas “sejam identificados” e para que haja “consequências”.

“Temos de agir com proporcionalidade e adequação, mas temos que agir. Não podemos ficar à espera que passe, porque isto só cresce”, alerta.

Em Portugal, a apologia do nazismo não é crime, ao contrário de outros países. Mas pintar a cruz suástica em edifícios no espaço público pode enquadrar-se num “crime de incitamento ao ódio”, como realça André Inácio.

ZAP //

6 Comments

  1. o único culpado disto é israel! O ódio que tem pelo povo da palestina, a completa indiferença pelos direitos humanos, o genocídio, a política terrorista vigente desde 1948, tudo isto é mais que suficiente para despertar extremismos mesmo nas pessoas mais equilibradas e tolerantes!

  2. Não que eu acredite totalmente na Bíblia, mas pelo que lembro, os judeus que agora estão em Israel vêm sendo chutados, escravizados e perseguidos de país em país desde o antigo testamento, o que dá (bem) mais de dois mil anos… Não que eu acredite totalmente na História, mas parece que a pobrezinha da Palestina vem sofrendo “genocídio” não apenas de parte de Israel, como de toda a arábia, cujos povos – que, dizem, se odeiam mutuamente (não que eu acredite) – se acotovelam onde tiver espaço e são chutados por outros povos árabes tão longe do petróleo e do gás quanto for possível… Não que eu acredite nas opiniões dos debiloides ocidentais estáticos e enxeridos, movidas por ânimos acirrados, ignorância profunda, e desejo de mudar o mundo pra um mundo melhor – que só é melhor na opinião deles próprios – postadas bem longe das guerras e dos genocídios, no conforto de seus lares, em seus Iphones de última linha… Não que eu acredite…

  3. Suásticas ao lado de declarações de apoio à Palestina?! Pois claro, faz todo o sentido. Toda a gente sabe que os nazis eram fervorosos adeptos da liberdade dos povos, ehehe!…

  4. o que israel está a fazer à Palestina é exatamente a mesma coisa que a Alemanha nazi fez aos judeus da europa. Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la!

  5. O Hamas quer o extremímio da raça judaica, isso é públicamente proclamado. Houve um regime que iniciou esse extremínio. Agora, temos a continuação com muitas manifestações de apoio ao Hamas, por todo o mundo.

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