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“Inacreditável”: bombeiros parados perto do fogo. Novo comando sub-regional “não faz sentido”

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Estela Silva /Lusa

Nova estrutura distrital “prejudicou muito a organização” no terreno, denuncia a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). Há bombeiros parados em concelhos vizinhos enquanto frentes de fogo ardem sem combate.

À medida que o fogo vai lavrando o Norte e Centro do país, têm surgido cada vez mais críticas à organização do combate aos incêndios, em particular à nova estrutura sub-regional de proteção civil.

Comandantes de bombeiros e autarcas de Viseu e Vila Real denunciaram falhas na articulação de meios que resultaram na ausência de apoio entre concelhos vizinhos, apesar de haver equipas de bombeiros disponíveis para combater os fogos mais próximos.

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) considera que a reorganização em comandos sub-regionais “prejudicou muito” a coordenação dos esforços no terreno e denuncia, ao Jornal de Notícias, “situações inacreditáveis”.

“Ainda ontem [anteontem], tivemos um caso em que Viseu estava a precisar de bombeiros, os da zona Sul do distrito estavam todos em atividade e um corpo de bombeiros do distrito do Porto não saiu, porque pertence a outro comando sub-regional. Isto não faz sentido e prejudicou muito a organização”.

Semelhante falta de coordenação também foi denunciada em Vila Pouca de Aguiar, onde só três das 14 freguesias não foram atingidas e se anteveem “prejuízos enormes”.

Na região, o comandante local apontou para a existência de bombeiros parados em concelhos vizinhos enquanto frentes de fogo ardiam sem combate, numa altura em que as equipas presentes já acumulavam mais de um dia seguido de trabalho ininterrupto.

“Há frentes a arder livremente sem meios de combate e os que aqui estão já têm mais de 24 horas de trabalho”, denunciou o comandante Hugo Silva.

Proteção Civil nega falta de bombeiros

Face às críticas, o comandante nacional de emergência e proteção civil negou a alegada falta de operacionais.

Os meios vão sendo empenhados à medida que são solicitados e há essa disponibilidade”, disse André Fernandes, que afastou a necessidade de pedir apoio europeu — apesar de o comissário europeu de Proteção Civil terem indicado disponibilidade para ajudar Portugal com meios internacionais.

Não estamos numa situação de esgotamento de meios“, assegura Duarte Caldeira, presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil e antigo presidente da LBP, mas a nova estrutura sub-regional — iniciativa do governo de António Costa implementada como parte do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e em vigor desde janeiro de 2023 — “não obedeceu à análise operacional e racional”: “há mais chefes a mandar sem que resulte melhor articulação”.

Os municípios afetados de Vila Pouca de Aguiar e Sever do Vouga, exigiram mais meios vindos de fora para enfrentar os incêndios, o que aponta para a falta de investimento local na criação de corpos de bombeiros profissionais.

Entretanto, o Centro do país tem recebido apoio de bombeiros do sul, nomeadamente do Algarve e do Alentejo, que mobilizaram equipas e veículos para reforçar os combates.

Portugal mantém-se em situação de alerta até quinta-feira. Para solicitar apoio internacional, seria necessário que o Governo ativasse uma situação de contingência ou calamidade, o que, até ao momento, não aconteceu.

Estrutura “empolada” é um desperdício de dinheiro

Já em janeiro deste ano, a LBP apontava falhas à organização e avisava que a mudança do sistema de proteção civil de uma estrutura distrital para um modelo sub-regional “não funcionava” e estava “em desacordo e em incumprimento com a lei de bases da proteção Civil”.

Não beneficia em nada os corpos de bombeiros, antes pelo contrário. Do ponto de vista operacional e da mobilização de meios, o que se tem verificado é que, apesar de estar no papel essa distribuição, quando há ocorrências, ela não é respeitada em muitos casos. O princípio da proximidade é aquele que se executa e não o princípio da organização”, disse na altura à Lusa o presidente da LBP.

“No âmbito da proteção civil, não há planos sub-regionais, o que há é planos municipais, distritais, nacionais e regionais nos Açores e na Madeira”, disse o responsável, frisando que “a estrutura está mal implementada, mal organizada e não cumpre com a lei de bases da Proteção Civil”: a estrutura da ANEPC é “exagerada e empolada”, existindo um grande número de dirigentes, que é “um desperdício financeiro para a proteção civil”.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, atingidas pelos incêndios desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares. Sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas.

Tomás Guimarães, ZAP //

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4 Comments

  1. Claro que os bombeiros estão parados à espera que o fogo lhes bata nos pés. São essas as instruções. Provavelmente têm razão os comados para não se perderem vidas. Infelizmente são demasiadas as vezes em que bombeiros sem preparação para andar na floresta são vitimas dos desmandos traiçoeiros do fogo. de acidentes com viaturas, ou de encurralamentos por desconhecimento do terreno.
    Quando é que os comandos vão aprender, à escola, que estes incêndios se combatem com contrafogo controlado e devidamente autorizado para que não se confunda o combatente com o incendiário e com vigilância nas zonas onde possa haver projecções, com vista a debelar os focos que estão no início. No mais e na floresta temos que fazer apelo aos santinhos para que o fogo se apague naturalmente.
    Quem escreve já participou no combate a incêndios, sem nunca ter sido bombeiro.
    Bem hajam, os bombeiros e todos os que efectivamente se esforçam e se empenham no combate aos incêndios.
    Parece ter surgido uma nova catividade de bombeiros que pretendem ser realizadores de cinema.

  2. A Presidência, o Governo, e os Partidos que se encontram na Assembleia da República, continuam a queimar Portugal e a destruir a vida dos Portugueses.

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  3. Mais uma vez , o “Cronico” problema de Incêndios Florestais , bateu o recorde de ocorrências este fim de verão . Bem….ao menos a grande vaga de “Turistas” não sofreram esse incomodo . Sem querer especular de forma exagerada , penso que o Governo deveria aproveitar en impor o (Imposto do Isqueiro) ! ……..mas claro , os Pirómanos Profissionais poderão sempre usar Fósforos ! .

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