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1973 vs. 2023: a crise petrolífera pode “ficar feia” – mas não há comparação

Meio século depois, novo ataque surpresa em Israel e novos receios de uma crise. Mas as semelhanças não serão muito mais.

Há quem defenda que a História é cíclica. E, curiosamente ou não, o ataque surpresa do Hamas em Israel decorreu quase 50 anos depois do início de outra guerra.

No dia 6 de Outubro de 1973 começou a guerra do Yom Kippur. Também foi um ataque surpresa a Israel (de Egipto e Síria) que marcou o início do conflito que durou menos de três semanas.

No dia 7 de Outubro de 2023, 50 anos e 1 dia depois, novo ataque surpresa a Israel, desta vez relacionado com o “eterno” conflito com a Palestina.

O ataque decorreu no sábado, a guerra continua e, logo na segunda-feira seguinte, o mercado petrolífero já reagiu, com o barril de Brent a subir quase 5%.

Teme-se nova crise petrolífera, tal como aconteceu em 1973. Mas não vai haver repetição desse cenário, assegura Javier Blas na Bloomberg.

Um dos mais conhecidos jornalistas especialistas em energia e em matérias-primas não prevê um embargo por parte dos árabes.

O petróleo não vai ficar três vezes mais caro – mas sim, é provável que os preços de gasóleo e gasolina subam durante os próximos tempos (e durante uns tempos).

Este conflito tem um destino ainda muito incerto mas Javier lembra que, ao contrário de 1973, não há uma coligação árabe contra Israel, agora.

O próprio mercado petrolífero está bem diferente: não há aumento grande da procura e ainda há capacidade de produção – embora nem todos sigam esta ideia.

Os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não deverão entrar em “loucuras” nas subidas dos preços do petróleo, ao contrário do que aconteceu há 50 anos (aumentos de 70% na altura).

Mas há a parte “feia” nesta fase incerta. O preço do petróleo pode subir muito – se Israel considerar que o Irão ajudou o Hamas. Com eventuais sanções dos EUA pelo meio, os números podem ser outros.

Por fim, e continuando nos EUA, a Casa Branca pode recorrer à sua Reserva Estratégica de Petróleo para limitar o impacto nos preços dos combustíveis; isso não aconteceu em 1973.

E em 1973 não havia carros eléctricos. Que se saiba.

No mesmo contexto, o Wall Street Journal deixa cinco lições que os responsáveis políticos actuais (sobretudo nos EUA) devem recordar da crise petrolífera de 1973.

Em resumo: a “independência energética” é uma fantasia, os mercados energéticos integrados podem suavizar estes choques, ter uma oferta diversificada é essencial e, para lidar com a volatilidade nos preços, é preciso ter uma grande “caixa de ferramentas”.

ZAP //

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