Os genes ligados à criatividade deram aos humanos a vantagem de que precisavam para se tornarem aquilo que são hoje.
A criatividade constituiu uma grande vantagem sobre os neandertais e desempenhou um papel importante na sobrevivência da espécie humana, concluiu um novo estudo levado a cabo pela Universidade de Granada, em Espanha, que identificou, pela primeira vez, 267 genes ligados à criatividade que diferenciam o Homo sapiens do Homo neanderthalensis.
Foram estas diferenças genéticas que permitiram ao Homo sapiens substituir os neandertais. No fundo, foi a criatividade que lhe deu vantagem, ao facilitar a adaptação ao ambiente e ao fornecer maior resiliência ao envelhecimento, lesões e doenças.
Segundo o EurekAlert, os 267 genes identificados, exclusivos do Homo sapiens, fazem parte de um grupo maior de 972 que estão ligados à personalidade em adultos saudáveis.
Em estudos anteriores, os cientistas mostraram que estes 972 genes são organizados em três redes cerebrais dissociáveis de traços de personalidade responsáveis pela aprendizagem e pela memória.
Depois de identificarem e analisarem os 267 genes, os cientistas concentraram-se em identificar os marcadores genéticos e os dados de expressão genética que os ligavam diretamente à criatividade, um processo possível graças a técnicas como a ressonância magnética apoiada em Inteligência Artificial.
Os genes que desempenharam “um papel fundamental na evolução da criatividade, autoconsciência e comportamento cooperativo” foram isolados, trazendo à luz uma terceira rede cerebral vital no cérebro humano.
A primeira rede surgiu há cerca de 40 milhões de anos, tem cerca de 972 genes e é responsável pela reatividade emocional – regula impulsos, aprendizagem de hábitos, apego social e resolução de conflitos.
A segunda surgiu há cerca de 2 milhões de anos e está associada ao autocontrolo voluntário e deliberado. Por fim, a terceira e nova rede, relacionada com a criatividade (também chamada de autoconsciência criativa) surgiu há apenas 100 mil anos.
O artigo científico foi publicado no dia 21 de abril na Molecular Psychiatry (Nature).