Bartlomiej Wojtowicz / EPA

Zelenskyy alertou para a situação esta semana: está a fazer “espetáculo para velhinhas europeias sem filhos”, devolve o Kremlin.
O presidente ucraniano disse esta segunda-feira que Moscovo reconheceu, de forma implícita, que levou crianças ucranianas para a Rússia desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
“Quero que os nossos jornalistas, o nosso povo — e não apenas o nosso — compreendam a atitude russa em relação a questões humanitárias. Primeiro, disseram-nos para não ‘dar um espetáculo a senhoras velhinhas europeias sem filhos’ — foi assim que se expressaram, em russo. Esta foi a atitude deles quando levantámos a questão das crianças”, disse Volodymyr Zelenskyy em conferência de imprensa, segundo o Kyiv Independent.
Quase 20 mil crianças (mais de 19.500) foram levadas à força para a Rússia, Bielorrússia ou territórios ocupados pela nação invasora desde o início da guerra, sem o consentimento das suas famílias ou tutores, documenta a Ucrânia. Desse número, cerca de 1300 terão sido recuperadas para solo ucraniano.
Moscovo nega estas acusações e afirma ter protegido menores que se encontravam em situação vulnerável em zonas de combate.
“Dissemos-lhes que tinham roubado 20 mil crianças e eles responderam que não eram 20 000 — que no máximo, disseram, eram algumas centenas”, disse ainda Zelenskyy. “A nossa delegação ficou ofendida com isto. Sinceramente, eu não estou. Penso que é mais importante não nos fixarmos no número, mas no facto de eles admitirem ter levado crianças. Acreditamos que são milhares, eles dizem que são centenas, mas o que importa é que reconheceram o facto.”
Segundo o Kremlin, o presidente russo Vladimir Putin discutiu no mesmo dia a devolução de crianças ucranianas às suas famílias, mas também o o regresso das crianças russas da Ucrânia, com a defensora dos direitos infantis, Maria Lvova-Belova.
Lvova-Belova assegurou anteriormente que as autoridades russas estavam dispostas a entregar as crianças deslocadas às suas famílias na Ucrânia, se estas fizessem o respetivo pedido. Em abril de 2024, Moscovo anunciou um acordo com Kiev para a troca de 48 crianças, 29 das quais regressaram à Ucrânia e 19 à Rússia.
Em março de 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra Putin e a comissária Lvova-Belova pelo seu alegado papel na organização das deportações, aprovando uma resolução que denuncia uma “estratégia genocida”.
Tomás Guimarães // Lusa
Guerra na Ucrânia
-
4 Junho, 2025 A Rússia confessou rapto de crianças ucranianas?