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Credores aceitam adiar pagamento de 140 mil milhões em dívida de países mais pobres

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Jim Lo Scalzo / EPA

O Instituto Financeiro Internacional (IFI), associação que representa os credores da dívida a nível mundial, defendeu o adiamento dos pagamentos dos países mais pobres, abrindo assim margem orçamental para o combate à covid-19.

Numa carta enviada na quinta-feira às principais instituições financeiras multilaterais, a associação que representa mais de 450 instituições financeiras defende um adiamento do pagamento da dívida soberana e dos juros dos empréstimos contraídos pelos países em desenvolvimento e dos mais pobres, estimada em 140 mil milhões de dólares (127,8 mil milhões de euros), mas não menciona qualquer perdão de dívida.

Na terceira de cinco recomendações para os países, a IFI escreve que “os credores bilaterais oficiais devem comprometer-se, mediante um pedido específico do devedor soberano, a tolerar o incumprimento financeiro do pagamento para os mais pobres e mais vulneráveis países significativamente afetados pela covid-19 e turbulência económica relacionada por um determinado período de tempo, por exemplo seis meses ou até ao final do ano, sem anular a obrigação de pagamento”.

O quarto ponto incide apenas sobre os “credores privados e outros credores internacionais incluindo os fundos soberanos” e mantém o mesmo teor: adiar os pagamentos dos juros e da dívida por um tempo a determinar, consoante assim seja requerido pelos países.

A carta enviada ao Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Clube de Paris e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico responde assim positivamente aos pedidos feitos não só pelo próprio FMI e Banco Mundial, mas também pelos ministros das Finanças africanos, que defenderam um perdão de dívida em função da pandemia da covid-19, particularmente em África.

“Referenciando os países elegíveis para assistência da Associação para o Desenvolvimento Internacional, estimamos que cerca de 140 mil milhões de dólares em dívida pública sejam devidos este ano”, lê-se na missiva, que reconhece que “para os países vulneráveis que agora enfrentam desafios agudos de saúde e humanitários, servir e gerir estas obrigações será praticamente impossível”.

Além do adiamento do pagamento da dívida, os credores internacionais defendem que os países devem aprofundar o financiamento concessional multilateral”, ou seja, os empréstimos concedidos por instituições como o FMI, o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Banco Mundial, que praticam taxas mais baixas que a banca comercial.

Por outro lado, sugerem também aos países acionistas destas instituições que “concordem em aumentar os recursos das multilaterais para usar ao máximo o financiamento concessional”, assim aumentando a capacidade financeira de intervenção destas instituições nos países em dificuldades.

A carta dos credores às instituições financeiras mundiais surge na mesma altura em que as previsões para a evolução do continente africano apontam para uma recessão ou um crescimento muito próximo do zero, com a maioria dos países a ver o seu crescimento cortado significativamente devido à propagação da pandemia da covid-19 e ao esforço financeiro que as medidas de contenção implicam para o Estado e para os cidadãos.

A proposta do IFI, por outro lado, é lançada nas vésperas dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, nos quais deverá ser apresentado um plano financeiro relativamente à sustentabilidade da dívida dos países menos desenvolvidos.

Banco Africano dá 10 mil milhões para combater pandemia

O Banco Africano de Desenvolvimento anunciou hoje a criação de um fundo de até 10 mil milhões de dólares para os governos e o setor privado combaterem a pandemia da covid-19 no continente africano.

“Este veículo é a mais recente medida tomada pelo banco apra responder à pandemia e será o canal principal da instituição nos seus esforços para combater a crise, providenciando até 10 mil milhões de dólares, cerca de 9,1 mil milhões de euros, aos governos e ao setor privado”, lê-se numa nota enviada à Lusa.

“África está a enfrentar enormes desafios orçamentais para responder eficazmente à pandemia da covid-19, por isso estamos a mobilizar todo o peso da nossa resposta de emergência para apoiar África nestes tempos críticos”, disse o presidente do banco, Akinwumi Adesina.

“Estes são tempos extraordinários, e temos de tomar medidas ousadas e decisivas para salvar e proteger milhões de vidas em África, porque estamos numa corrida para salvar vidas e nenhum país vai ser deixado para trás“, acrescentou o banqueiro.

O instrumento financeira agora anunciado vai disponibilizar 5,5 mil milhões de dólares para as operações dos países membros do BAD, e 3,1 mil milhões de dólares para operações regionais ao abrigo do Fundo de Desenvolvimento Africano, o braço concessional do fundo que se dedica aos países mais frágeis, havendo ainda a contabilizar 1,35 mil milhões de dólares para operações do setor privado.

Há duas semanas, o banco lançou uma emissão de dívida no valor de 3 mil milhões de dólares  destinada a financiar os esforços dos países africanos no combate à pandemia, além de ter aprovado um empréstimo de 2 milhões de dólares para a Organização Mundial da Saúde financiar as suas operações no continente.

// Lusa

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1 Comment

  1. Os credores neste momento não têm condições para impor condições de pagamento, ou dão condições para que os Países possam pagar mais tarde, ou acabam por perder esses créditos, neste momento têm que fazer os possíveis para salvar os países mais pobres.

    É um pouco o que se passa com as empresas, não podem despedir para evitar o desemprego, mas sem trabalho se as empresas não despedirem vão à falência, acabam por aumentar o desemprego.
    Possivelmente vão ter que pedir ás empresas uma gestão de funcionários que lhes permita sobreviver e continuar a dar emprego a algumas pessoas e pagar os seus impostos.

    Vamos ver se vão conseguir evitar um perdão de divida á escala Mundial, como aconteceu com a Alemanha após a 2ª Guerra Mundial, só que desta vez vão ser todos os Países, não esquecer que isto está no inicio.

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