A creche e pré-escolar “Voar mais alto”, em Setúbal, recusou receber uma criança de três anos, filha de uma enfermeira, por falta de funcionários.
A notícia é avançada esta quinta-feira pelo Observador que adianta que as colaboradoras submeteram baixa médica por “doença natural” horas depois e no dia seguinte a uma reunião na qual foram informadas de que iriam acolher o filho de uma enfermeira.
Joaquim Moreira, presidente da associação Baptista Shalom, proprietária da creche, não confirma que este tenha sido o motivo pelo qual as funcionárias ficaram de baixa. “Podemos deduzir o que quisermos, mas provar, não podemos provar nada.”
Este caso, que remonta ao final de março, levou a Ordem dos Enfermeiros a fazer uma queixa ao Ministério da Saúde por considerar esta situação “manifestamente grave“. Depois da repercussão que teve nas redes sociais, o responsável pela associação deixou um comunicado no site negando as acusações imputadas à Baptista Shalom.
“Encontra-se assim, a ser veiculado nas redes sociais, que a ABShalom se recusou a receber uma criança na sua Creche ‘Voar mais Alto’, em virtude da mãe ser enfermeira no HSB [Hospital São Bernardo, que pertence ao Centro Hospitalar de Setúbal]. Tal afirmação é por nós repudiada por ser falsa e totalmente adversa à forma de estar e princípios da ABShalom (…)”, lê-sena nota.
Ao diário, o responsável explica que foi contactado pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, após o anúncio do encerramento dos estabelecimentos de ensino, no sentido de perceber se a instituição estaria disponível para receber filhos de profissionais de saúde e forças de segurança. “Imediatamente dissemos que sim.”
Além da enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, a instituição recebeu “alguns contactos” de outros pais que levantaram a hipótese de vir a necessitar de uma creche para os filhos, mas só esta profissional a precisava desde logo que o estabelecimento acolhesse o filho.
Ainda antes de ter sido feito o pedido para receber o filho da enfermeira, o número de funcionários já era reduzido, ficando apenas seis auxiliares e uma educadora que estava a estagiar.
Na reunião, as colaboradoras ficaram a saber que a mãe da criança em causa era enfermeira e perguntaram que cuidados deviam ter. “Foi tudo combinado“, disse Joaquim Moreira ao Observador. Depois da reunião, começaram a surgir, via email, as baixas por doença natural.
“Nesse dia, à noite, recebemos duas baixas e no outro dia, recebi o resto, à exceção de uma auxiliar. A educadora que estava a estagiar interrompeu o estágio, só ficou uma auxiliar”, contou o presidente da associação.
A associação contactou a mãe e disse que, afinal, não podia receber a criança porque tinha ficado sem funcionárias. Da mesma forma, falou com outros pais que tinham deixado em aberto a possibilidade de lá colocar os filhos e comunicou à União das IPSS de Setúbal e à Segurança Social a impossibilidade de acolher crianças por falta de funcionários.
A “Voar mais alto” está agora encerrada e vai entrar em lay-off por falta de receitas.