O estado de saúde de Adriano Maranhão, o português infetado com o novo coronavírus que está retido no navio Diamond Princess, no Japão, piorou, de acordo com a sua mulher, que ainda não obteve qualquer ajuda das autoridades.
“A situação dele é pior. Tem mais febre, frio, dor e está mais abatido”, disse Emmanuelle Maranhão, em declarações à agência Lusa.
Segundo Emmanuelle Maranhão, apesar de a embaixada portuguesa no Japão dizer que vai levar Adriano Maranhão para o hospital, ainda não o fez, criticando a inação da diplomacia. Adiantou ainda que não consegue estabelecer contacto com a empresa, Princess Cruise, a quem competiria, em primeiro lugar, retirar os seus funcionários do navio.
No domingo, as autoridades japonesas confirmaram que o português Adriano Maranhão, canalizador no navio Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama, deu teste positivo ao coronavírus Covid-19, segundo fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Esta fonte disse que o ministério está a “insistir junto das autoridades locais para que se proceda à sua transferência para o hospital de referência”, no Japão.
O Presidente da República afastou este domingo a possibilidade de fazer regressar ao país o português infetado com o novo coronavírus, e defendeu que as autoridades devem continuar a pressionar para encontrar uma solução.
“Aparentemente o que se diz é que primeiro é preciso ter a noção exata da situação e tem de ser no Japão. Trazê-lo para Portugal podia ser uma temeridade para ele. Não vale a pena correr esse risco”, disse o Marcelo Rebelo de Sousa, à margem de uma visita aos caretos de Podence, em Trás-os-Montes.
Para o Chefe de Estado, as autoridades portuguesas têm de “pressionar como têm feito permanentemente com diligências que permitam não apenas ir conhecendo melhor a situação como, se possível, tratar de uma eventual transferência para uma unidade hospitalar”. Marcelo defendeu que a transferência para um hospital “seria naturalmente preferível porque é lá que se podem fazer análises, que noutros sítios é mais difícil”.
Em declarações à SIC Notícias, Adriano Maranhão disse estar impedido de sair da cabine e revelou ainda que não tem recebido apoio médico. O Jornal de Notícias precisa que o português de 41 anos trabalha em cruzeiros há cinco anos.
Ao Correio da Manhã, revelou sentir-se um “parasita” dentro do navio, onde “toda a gente se afasta” do português. Adriano Maranhão disse ainda sentir-se “cansado”, pedindo ajuda ao Governo português. “Peço ajuda ao meu Governo português que me ajude. Estou de mãos e pés atados, eu não consigo fazer nada dentro de uma cabine”.
Entretanto, ao fim da manhã desta segunda-feira, Adriano Maranhão confirmou à SIC que recebeu a primeira visita de um médico japonês, ao 3.º dia retido na cabine, que lhe deu a garantia de que será transferido durante o dia de amanhã para um hospital.
13.º caso suspeito em Portugal deu negativo
Já em Portugal, deu negativo o resultado da análise ao cidadão português que está internado no Hospital de São João, no Porto, por suspeitas de infeção por novo Coronavírus (COVID-19), segundo uma nota da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Este é o 13.º caso suspeito de infeção com Covid-19 detetado em Portugal. Todos os 12 casos anteriores foram negativos.
O coronavírus Covid-19 surgiu em dezembro em Hubei, no centro da China, país onde estão registados, a nível continental, 76.936 casos, 2.442 dos quais mortais.
O segundo país mais afetado é o Japão, com 769 casos (três dos quais mortais), incluindo pelo menos 364 no cruzeiro Diamond Princess, onde no sábado foi detetada a infeção de um português. Segue-se a Coreia do Sul, com 556 casos, cinco dos quais mortais.
Itália surge em quarto lugar dos países e territórios com mais casos, registando 132 casos de infeção por Covid-19, quatro deles mortais.
O número de mortos devido ao coronavírus Covid-19 subiu esta segunda-feira para 2.592 na China continental e foram reportados 409 novos infetados, quase todos na província de Hubei, enquanto a maioria do país não contabilizou novos casos.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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