António Costa toma posse esta sexta-feira como presidente do Conselho Europeu. Antes de o fazer, explicou a estratégia que quer adotar para lidar com o presidente eleito dos EUA.
A tomada de posse de António Costa enquanto presidente do Conselho Europeu vai acontecer na tarde desta sexta-feira, pela 13h de Portugal Continental. Antes disso, em entrevista ao jornal Público, o antigo primeiro-ministro contou as estratégias que pretende adotar.
Um dos pontos fundamentais com que o novo presidente do CE terá de lidar é com a política externa americana. Em relação ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Costa acredita que é preciso “ouvir o que tem a dizer e vermos como podemos, de uma forma que seja vantajosa para a Europa e para os Estados Unidos, encontrar aqui um ponto de encontro”.
“Vamos ter de ter com os Estados Unidos um diálogo franco entre países que são aliados, que são parceiros e que têm uma relação que está obviamente acima de quem, circunstancialmente, exerce funções do lado de cá ou do lado de lá do Atlântico”, garantiu Costa.
Ainda assim, os EUA querem aumentar as tarifas sobre importações europeias, uma medida protecionista do mercado, mas também uma mudança geopolítica, o que terá consequências na economia da Europa.
É por isso que é preciso “reforçar a nossa autonomia em matéria de defesa. Continuarmos a investir mais na nossa própria defesa, aliviando o esforço que os Estados Unidos fazem para garantir a segurança da Europa, até porque sabemos que os Estados Unidos têm agora outras prioridades geopolíticas“, diz Costa.
Sobre a possibilidade de os EUA retirarem o apoio à Ucrânia e a Europa ficar sozinha nessa ajuda, Costa duvida que o presidente americano o faça: “não acredito que o Presidente Trump queira fazer na Ucrânia o que outros fizeram na retirada do Afeganistão. Não corresponde à imagem de força que ele gosta de projetar de si próprio e da forma como os outros devem olhar para os Estados Unidos”, explica.
O novo presidente do CE garante também apoio incondicional da UE à Ucrânia, que “apoiaremos tanto quanto necessário e tão intensamente quanto isso for possível”.
Sobre o telefonema de Olaf Scholz a Putin, feito sem a consulta dos outros dirigentes europeus e depois de ter sido desaconselhado por Zelenskyy, Costa acredita, apesar de tudo, que “o telefonema foi útil“, uma vez que permitiu concluir com certeza que “Putin não está interessado em negociar, não está interessado na paz e quer continuar a sua guerra com a ambição de dominar a Ucrânia”.
Costa acredita ainda que “este próximo alargamento da UE, quer aos Balcãs Ocidentais, quer a leste, é um grande investimento geopolítico“, e que “a noção da dimensão geopolítica impõe um sentido de urgência, para que, do lado da União Europeia e dos países candidatos, haja um esforço acrescido para se atingirem as metas estabelecidas”.
Sobre o tempo que se lhe avizinha em Bruxelas, mantém-se fiel à sua fama de otimista. “Tenho a fama e o proveito. É muito melhor para a saúde ser otimista do que pessimista“.
António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu. Foi eleito em junho com o único voto contra da italiana Giorgia Meloni.