Costa sabia da investigação desde 2020. Marcelo calado

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António Pedro Santos / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo primeiro-ministro, António Costa.

Processo à volta do lítio e do hidrogénio não é uma surpresa para o primeiro-ministro. O processo-crime sim.

“Fui surpreendido por um processo-crime contra mim”.

Essa foi a frase que iniciou a justificação de António Costa quando anunciou a sua demissão enquanto primeiro-ministro, nesta terça-feira.

De facto, a Procuradoria-Geral da República revelou – num comunicado curto e sem detalhes – que António Costa está indicado num processo-crime. Há um inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.

No entanto, o ainda primeiro-ministro já sabia há três anos que estava a decorrer uma investigação do Ministério Público aos negócios do lítio e hidrogénio.

Uma investigação que envolvia pessoas próximas, incluindo ministros dessa altura: Pedro Siza Vieira (ministro de Estado e da Economia), Matos Fernandes (ministro do Ambiente) e João Galamba (que era secretário de Estado Adjunto e da Energia).

“Estou absolutamente descansado”, reagiu António Costa em 2020, recorda o Correio da Manhã.

No entanto, o descanso terminou em 2023. A mesma investigação derrubou um Governo.

Marcelo não fala

Há quem critique Marcelo Rebelo de Sousa por falar demais (especialmente nos últimos tempos) mas, desta vez, quando se esperava que falasse, não falou.

O presidente da República saiu do Palácio de Belém na noite passada, caminhou a pé durante alguns minutos e cruzou-se com jornalistas.

Questionado sobre a demissão de António Costa, respondeu apenas: “Não tenho nada a dizer hoje. Só na quinta-feira. Só vim dar um passeio e apanhar um pouco de ar”.

A Presidência da República já tinha anunciado que Marcelo vai falar ao país amanhã, quinta-feira.

Data das eleições

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa reúne com os partidos (algo que já começou nesta manhã) e convoca o Conselho de Estado.

Um dos conselheiros de Estado que será ouvido será Luís Marques Mendes. O comentador disse na SIC Notícias que, havendo eleições antecipadas, Marcelo vai ceder algum tempo ao PS para ter um novo líder. As eleições serão, ou no final de Fevereiro, ou no início de Março.

Nessas prováveis eleições, os dois maiores candidatos a primeiro-ministro vão ser Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, segundo Marques Mendes.

Em relação à demissão de António Costa, Marques Mendes acha que o primeiro-ministro “sai com dignidade e com uma declaração correcta”.

“Se o primeiro-ministro se mantivesse em funções ficava diminuído do ponto de vista político e seria um homem politicamente sob suspeita”, acrescentou.

ZAP //

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