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Costa receita optimismo e lança desafio envenenado a Passos

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Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, no discurso de encerramento do 21 Congresso do Partido Socialista

António Costa deixou o desafio a Passos Coelho para se juntar aos partidos da esquerda e aprovar uma resolução unânime, no Parlamento português, contra a aplicação de sanções a Portugal por parte da União Europeia – uma espécie de faca de dois gumes em que a direita ficará ferida quer vote sim, quer vote não.

Na sua intervenção final no encerramento do 21º Congresso Nacional do PS na FIL, em Lisboa, António Costa evocou a acção de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, que tem apelado à importância dos consensos, e pediu a aprovação unânime no Parlamento de uma resolução contra a aplicação de sanções a Portugal, por parte das instituições europeias, por défice excessivo.

O secretário-geral do PS elogiou a acção diplomática de Marcelo contra a aplicação de sanções a Portugal, considerando que esta é “uma discussão absurda” no contexto europeu, quando, “só esta semana, mil seres humanos morreram afogados no Mediterrâneo a tentar chegar à Europa”.

Costa referiu também que a aplicação de uma potencial multa a Portugal é “profundamente injusta para com um país e um povo depois de tudo o que sofreram nos últimos quatro anos”. “É imoral, depois de tanto terem elogiado as políticas do anterior Governo, virem agora castigar os maus resultados dessas mesmas políticas”, afiançou ainda no seu discurso.

É com esta argumentação que o primeiro-ministro desafia os deputados de PSD e CDS-PP a juntarem-se à esquerda para “aprovar por unanimidade uma resolução contra a aplicação de sanções”. É uma espécie de desafio envenenado, já que os partidos de direita só têm a perder, em termos de estratégia política, independentemente de votarem sim ou não.

Aprovar a resolução ao lado da esquerda significa, para os partidos de Passos Coelho e Assunção Cristas, atribuir uma vitória a Costa. Contudo, por outro lado, rejeitar essa resolução seria como assumir que as políticas que aplicaram, quando estavam coligados no governo, não surtiram efeito e merecem castigo europeu e, consequentemente, mais austeridade para o país.

Pelo PSD, ninguém assume, para já, qualquer posição concreta relativamente ao desafio de Costa. O vice-presidente dos sociais-democratas, Jorge Moreira da Silva, recusou mesmo que estejam actualmente em causa sanções contra Portugal, defendendo que o tema é usado pelo PS como “cortina de fumo” para evitar o que é “verdadeiramente importante”, ou seja, as questões do “crescimento” e do “emprego”.

Do lado do CDS, a deputada Ana Rita Bessa afirmou que “não é com o CDS que é preciso ter preocupações”, dando a ideia da receptividade dos populares para aprovar a resolução.

Costa prescreve optimismo aos portugueses

Na FIL, António Costa quis manter o tom no optimismo e deixou a ideia de que “o país vai ser capaz de vencer esta crise”, desde que tenha “a capacidade de se concentrar em manter firme um rumo no médio e no longo prazo”.

“É verdade que sou optimista e tem-me feito bem à saúde. Não querendo fazer concorrência nem aos médicos nem a nenhum outro cuidador de saúde, se pudesse prescrever uma receita: sejam optimistas. Nada vos vai correr pior por serem optimistas“, assumiu Costa no seu discurso.

O secretário-geral do PS sublinhou ainda, que “ser optimista não é desconhecer as dificuldades”, mas sim “ter confiança que, com as políticas certas, é possível obter os resultados desejados”.

Da sua intervenção no encerramento do congresso socialista, ficam ainda os elogios ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, nomeadamente no âmbito da polémica dos contratos de associação com os colégios privados e da garantia de manuais escolares gratuitos para os alunos do primeiro ciclo, a partir do próximo ano lectivo.

“Temos um ministro que tem a coragem de enfrentar os lobbies e dizer que o dinheiro tem de ser bem gerido e deve ser aplicado onde é necessário”, frisou Costa sobre Brandão Rodrigues.

ZAP / Lusa

7 Comments

  1. Acho que não será assim pois a CE propõs a não aplicação de sanções para 2015 em maio e aprovou que sejam aplicadas aos países que excedam os 3% em 2016. Artigo no Expresso.

  2. Fosse eu chefe de Governo faria exatamente o que o PM refere, colocar a direita que anteriormente governou e que não conseguiu cumprir o deficit orçamental, para que assuma uma posição conjunta com toda a Assembleia da República. Mas alguém pensa que o Coelho vai sair da toca? Ele vais invocar isto e tudo aquilo para se colocar à margem e continuar ao lado de quem o capitaliza.

    • Pela sua resposta o deficit a quase 12% como o 44 o deixou estava melhor. Em 6 anos o outro pôs o país na lama, o Passos em 4 tinha que o deixar rico, com mais emprego que desempregados, cofres cheios de dinheiro e o déficit a 3%… Logo veremos em qto a geringonça o vai deixar.

  3. Este palhaço andou para aí a dizer que Portugal é o melhor país do mundo para se viver. É preciso ter lata, descaramento e falta de vergonha para fazer tal afirmação. Ele deveria estar a referir-se a chulos, politicos, chupistas, ciganos e estrangeiros. Para esses sim, Portugal deve ser do melhor. Não para gente honesta, trabalhadora, cumpridora das sua obrigações e pagadora da grande carga de impostos que tem às costas. Quem grande corja de FDP…!!!

  4. Diz o ditado,” com as calças do meu pai sou um homem”, assim está o senhor Costa, quando não necessita baseia-se na sua maioria parlamentar cozinha à pressão e provoca os partidos de centro-direita praticamente como se não façam parte da sociedade, é um herói! Quando necessita vem com ar sorrateiro e provocador desafiá-los para a participação, é tipo de gente que nunca apreciei pois nunca sabemos quais as suas verdadeiras intenções e de que lado estão.

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