A geringonça não está dada como morta pelo PCP. João Oliveira insistiu num acordo com o PS: “No dia 31 vamos ter de voltar a discutir”.
A ideia que se repete é que a geringonça não se vai voltar a repetir. Por várias vezes, António Costa fechou a porta a um acordo com a esquerda, insistindo na maioria absoluta. Mas os comunistas também insistem, persistem e não desistem da sua própria ideia, voltando a abrir a porta a um acordo pós-eleições.
Nas Caldas da Rainha, João Oliveira foi confrontado pelos jornalistas sobre este desejo dos comunistas: “Porque insiste a CDU com o PS para seguirem juntos nesta viagem, se António Costa não tem bilhete?”, perguntou o jornalista da TVI. “Na verdade, o que interessa é que haja uma locomotiva para levar as coisas para a frente”, retaliou Oliveira.
Ainda no debate desta quinta-feira, o homem que está a substituir Jerónimo de Sousa e João Ferreira no terreno atacou António Costa.
João Oliveira questionou o primeiro-ministro sobre os seus planos para segurar um Governo de esquerda caso não consiga a tão desejado maioria absoluta.
Mais tarde, já nas Caldas da Rainha, voltou à carga. “Por mais que o PS queira limitar as suas opções a alianças com o PSD, o povo português pode dar uma resposta diferente”, salientou o comunista, citado pelo Expresso.
Não só João Oliveira e companhia apelam ao voto da CDU, como também lembram que as eleições foram “provocadas pelo PS que queria uma maioria absoluta”.
Questionado se havia contactos entre PS e CDU para um acordo pós-legislativas, João Oliveira foi rápido na resposta: “Canal mais aberto do que o debate desta manhã não pode haver. […] No dia 31, vamos ter de voltar a discutir”.
O chumbo do Orçamento do Estado para 2022, para o qual contribuiu o voto contra do PCP, azedou a relação entre os dois partidos e lançou a ameaça de inviabilizar uma geringonça 2.0. Enquanto muitos olham para o voto contra do PCP como uma “traição” política, João Oliveira realça que falar em traição “é perigosíssimo”.
Oliveira terminou falando sobre o objetivo do entendimento do bloco central de “delimitar os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, do grande capital nacional e estrangeiro, que (PS e PSD) decidiram não pôr em causa em nenhum domínio”.