Os poucos sinais que António Costa tem dado indicam que será recandidato nas próximas legislativas, em 2023.
Em entrevista ao Expresso, Fernando Medina vincou que não está disponível para suceder a António Costa no PS, caso o atual secretário-geral decida sair em 2023.
“Não há nenhuma circunstância política que me fizesse não cumprir esse compromisso com os lisboetas”, garantiu, acrescentando que “espera mesmo” que o atual primeiro-ministro seja candidato nas próximas legislativas.
O afastamento de Medina da corrida pressiona Costa para que não abra a luta pela sucessão no PS daqui a um ano e meio. Isto porque, sem o autarca, seria muito provável que o partido pendesse para a ala esquerda de Pedro Nuno Santos.
O semanário Expresso avança que António Costa tem dado pequenos sinais de que quererá ficar. O mais significativo terá sido o anúncio das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, em que nomeou uma comissão, presidida por Pedro Adão e Silva, para fazer perdurar a celebração até 2026.
Também em entrevista ao Expresso, o ex-ministro Vieira da Silva vaticinou que “nunca” sentiu da parte do primeiro-ministro “vontade de se reformar das suas funções”.
“Estamos num processo, como se vivêssemos dentro de um parêntesis, congelámos muitas coisas na nossa vida coletiva. A tarefa deve ser retomá-la, sabendo que o passado não volta para trás”, disse.
No entanto, no seio socialista, esta convicção não é comum e há dúvidas, principalmente quando se analisa o calendário.
As eleições diretas para o secretário-geral do PS foram em maio e o congresso do PS realiza-se (depois de um adiamento) a 28 e 29 de agosto, o que empurrará o próximo conclave para daqui a dois anos, a meses das eleições legislativas.
Ora, a dúvida é se António Costa se atreveria a abrir uma luta pela sucessão tão perto de eleições.
A hipótese de um cargo europeu também complica as contas. O semanário explica que os cargos de topo na UE só voltam a abrir em maio de 2024, após as eleições europeias e sete meses depois das legislativas.
Sair nessa altura deixaria o PS sem sucessor no Governo e sem a garantia de que Marcelo o aceitasse sem novas eleições.
Há ainda quem defenda que o PRR tem de ser executado até 2026 e que Costa quererá deixar o seu nome associado a uma mudança na economia, que pode ser impulsionada pelo plano.
Além disso, grande parte das reformas deixou-as para depois de 2023.
Ainda bem Medina… Não fazes falta à democracia!