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Correos Express “passa a perna” aos CTT. Empresa quer conquistar Portugal para ter oferta ibérica na Ásia

A empresa espanhola concorrente dos CTT está a monopolizar as entregas ibéricas. Em 2019, comprou 51% da unidade de transporte expresso do grupo logístico Rangel e quer ter centros de distribuição em todo os distritos de Portugal.

As fronteiras entre Portugal e Espanha são irrelevantes quando vistas a milhares de quilómetros de distância pelos gigantes do comércio eletrónico asiático.

Assim, a Correos Express, a empresa de entrega de correio expresso do operador postal público espanhol, a Correos, percebeu que havia uma “necessidade de mercado” por satisfazer.

“Até agora não havia um operador que oferecesse, com garantias e com homogeneidade, a Península Ibérica”, referiu Juan Hermida, diretor-geral da unidade portuguesa, ao Público.

Em 2019, através de um “processo de venda rápido e fácil”, a Correos Express comprou 51% de uma parte do negócio expresso do grupo logístico Rangel, que manteve 49% das ações. O negócio fez-se por 11 milhões de euros.

Hermida recorda que “a partir daí começámos um processo de integração da Correos Express Portugal nos sistemas informáticos da Correos Express Espanha”, dotando a empresa de aplicações informáticas e de software para distribuição.

O responsável afirma que no final deste ano ficará “concluído o primeiro plano de investimentos, que consistiu em mudar as instalações e em ganhar capacidade para a distribuição logística”, garantindo “proximidade com os destinatários finais”.

Automatizámos várias plataformas, principalmente o Porto de Lisboa, e atualmente temos uma capacidade de processamento de sete mil pacotes hora”. O passo seguinte será “quadruplicar esta capacidade, com incorporação de mais classificadores” de encomendas.

Segundo o Público, a empresa dispõe atualmente de nove centros de distribuição e tem como objetivo ter estas infra-estruturas “em todos os distritos de Portugal continental” e “assegurar presença” nos Açores e Madeira.

Juan Hermida desvenda que para “breve” está prevista a inauguração das plataformas de Braga e Viseu, conta o gestor, reconhecendo a “dificuldade em encontrar espaços” adequados em Portugal e “em particular nos grandes núcleos urbanos”.

A proposta comercial da Correos é a de entregar encomendas em qualquer ponto da Península Ibérica em 24 horas, “a um custo otimizado”, sendo que a empresa garante que consegue “pôr um pacote desde Barcelona ou Lérida no Algarve em menos de 24 horas”, refere.

Contudo, nem sempre o trabalho é fácil. Se a Península Ibérica é vista de fora como uma entidade única, as diferenças entre os dois países fazem-se sentir nas margens de negócio, assume Hermida. “São dois países com muitas coisas similares, mas totalmente distintos noutras; no final, acaba por haver um equilíbrio”, refere.

Tendo em conta o contexto pandémico, o gestor explica que a situação fez disparar as compras online num país que ainda “não estava maduro, como o mercado espanhol” e “colocou os volumes de negócio em níveis que eram só previsíveis em 2023 e 2024”.

“A principal dificuldade” no período inicial da crise de saúde pública “foi a contratação de pessoal de distribuição”, ainda que não tenha tido grande impacto.

Em novembro de 2019, a Correos Express Portugal antecipou, em comunicado, que a faturação desse ano iria atingir os 27 milhões de euros.

Juan Hermida diz agora que “o volume de facturação em 2020 não é representativo da realidade da empresa dado o contexto pandémico” e o facto de “não se encontrar consolidada no mercado nacional”.

Sem adiantar números, refere que em maio de 2021 o volume de negócios teve um “crescimento de 98% face ao período homólogo do mês anterior.

Se nos primeiros meses da crise de saúde pública o comércio online disparou, “em Abril, e sobretudo Maio”, o mercado começou “a normalizar”.

De acordo com as estatísticas da Anacom, o tráfego de encomendas cresceu 20% em 2020, mas, no primeiro trimestre de 2021, o crescimento face ao período homólogo foi de 48,7%.

A empresa espera, no futuro, “quando o nível de maturidade o permita”, introduzir novas soluções informáticas para ajudar as empresas “a crescerem e consolidarem-se no mercado online”, inclusive através da criação de um marketplace para pequenos negócios.

ZAP //

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