Um oficial maliano, o coronel Assimi Goita, apresentou-se esta quarta-feira como o chefe da junta que derrubou na véspera o Presidente Ibrahim Boubacar Keita e estimou que o Mali “já não tem direito a errar”.
Em declarações prestadas esta quarta-feira aos jornalistas, declarou: “Apresento-me. Sou o coronel Assimi Goita, o presidente do Comité Nacional para a Salvação do Povo”. Ladeado por militares armados, acrescentou: “O Mali está em situação de crise sociopolítica e segurança. Não temos mais direito a errar. Nós, ao fazermos esta intervenção ontem [terça-feira], colocámos o país acima (de tudo), o Mali primeiro”.
O coronel Goita tinha aparecido na televisão na noite de terça para quarta-feira, quando foi anunciado por um grupo de militares a criação deste comité que levou à demissão do Presidente Keita, mas não tinha falado. As suas declarações desta quarta-feira foram feitas depois de se encontrar com dirigentes do Estado na sede do Ministério da Defesa.
“Era meu dever reunir-me com os diferentes secretários-gerais, para que lhes pudéssemos garantir o nosso apoio em relação à continuidade dos serviços do Estado”, disse. “Depois do acontecimento de ontem, que conduziu à mudança do poder, era nosso dever dar a nossa posição a estes secretários-gerais para que eles possam trabalhar”, prosseguiu.
Oposição congratula-se com golpe de Estado
A oposição maliana congratulou-se esta quarta-feira com o golpe de Estado militar, considerando que era o “culminar” da sua luta contra o Presidente derrubado, Ibrahim Boubacar Keita.
A coligação oposicionista do M5-RFP “toma nota do compromisso” do Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP)”, criado pelos militares agora no poder, “de abrir uma transição política civil”, indicou em comunicado.
Estes opositores a Keita disponibilizaram-se a “fazer todas as iniciativas” para a “elaboração de um plano de ação, cujo conteúdo será acordado com o CNSP e todas as forças vivas do país”.
Por outro lado, Choguel Maiga, presidente do comité estratégico do M5-RFP, convocou, em declarações à comunicação social, para sexta-feira “a maior concentração patriótica junto do Monumento da Independência”, bem como “no conjunto do território nacional para festejar a vitória do povo maliano”.
O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, anunciou a demissão esta quarta-feira de madrugada, horas depois de ter sido afastado do poder num golpe liderado por militares, após meses de protestos e agitação social.