Corinna zu Sayn-Wittgenstein, também conhecida como Corinna Larsen, ex-amante do rei emérito espanhol Juan Carlos, disse, em entrevista à BBC, que Juan “deve centenas de contas no exterior”.
Em declarações à emissora britânica BBC, Corinna Larsen, ex-amante do rei emérito espanhol, disse que Juan Carlos “deve ter centenas de contas no exterior”.
A alemã de ascendência dinamarquesa reiterou que a origem da fortuna que chegou à sua conta foi um presente de Juan Carlos. “Deu-me os 65 milhões de euros como reconhecimento pelo que eu significava para ele”, contou.
Corinna Larsen revelou que a relação com o rei durou entre 2004 e 2009 e que, depois, ficaram amigos devido ao amor que Juan Carlos tem pelos seus dois filhos.
Em 2009, Corinna diz ter recebido um telefonema do pai no qual este lhe dizia que Juan Carlos o tinha visitado para confessar que estava “muito apaixonado” e que “pretendia casar-se” com Corinna.
A ex-amante de Juan Carlos afirma que o rei chegou a pedi-la em casamento. “Eu estava muito apaixonada por ele, mas imaginei que seria muito difícil [de concretizar] e que poderia desestabilizar a monarquia”, afirmou.
A relação terminou em 2009, quando o rei lhe terá confessado ter uma relação com outra mulher, além do seu casamento com a rainha. “Fiquei literalmente arrasada. Era a última coisa que esperava”, contou Corinna.
Apesar disso, Corinna contou que o monarca lhe terá pedido para que o acompanhasse durante uma intervenção no hospital em 2010, quando Juan Carlos foi operado para retirar um tumor benigno no pulmão.
O Supremo Tribunal espanhol está a investigar as suspeitas de delito de corrupção do rei emérito, Juan Carlos, na construção do comboio de alta velocidade entre Medina e Meca, na Arábia Saudita.
A investigação tem por base um processo iniciado pela procuradoria anticorrupção no final de 2018 para indagar sobre possíveis comissões pagas na adjudicação da construção do comboio de alta velocidade a um consórcio de empresas espanholas em 2011.
O Ministério Público enviou uma comissão rogatória à Suíça para aceder a dados sobre uma alegada doação de 65 milhões de euros de uma fundação com sede no Panamá – chamada Lucum e alegadamente ligada a Juan Carlos – a uma conta de Corinna Larsen.
Uma conversa entre Larsen e um ex-comissário da polícia, José Villarejo, a cumprir pena de prisão desde 2017, deu origem a este processo, que está a decorrer em simultâneo com as investigações do Ministério Público de Genebra (Suíça) contra as movimentações de alegados testas de ferro em contas bancárias neste país.
Juan Carlos, de 82 anos, tornou-se rei em novembro de 1975 e foi o chefe de Estado espanhol até à sua abdicação, a favor do filho, em junho de 2014. Felipe VI, de 52 anos, nega qualquer conhecimento ou envolvimento neste caso.
No início deste mês, o rei emérito de Espanha comunicou ao seu filho que decidiu deixar Espanha e escolher outro país para viver, perante a repercussão pública das investigações sobre os seus alegados fundos em paraísos fiscais.
Desde que o comunicado foi divulgado, foi muita a especulação sobre os vários destinos possíveis, entre eles Portugal. Primeiro, a imprensa espanhola avançou que o rei emérito tinha viajado para a República Dominicana, algo que foi, depois, negado pelas autoridades deste país.
Muito se tem especulado sobre a possibilidade de o rei emérito se mudar para Cascais, onde já viveu quando era mais novo. Há dias, o jornal espanhol El Mundo escreveu até que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seria, juntamente com João Manuel Brito e Cunha e Lili Caneças, uma das pessoas que o ajudaria na vinda para Portugal.
Os órgãos de comunicação também escreveram que o rei emérito estava alojado no Emirates Palace, um dos hotéis mais luxuosos dos Emirados Árabes Unidos, acrescentando que Juan Carlos viajará entre vários países nos próximos tempos, não fixando uma morada fixa no exterior após o anúncio do exílio. A Casa Real confirmou, esta semana, que Juan Carlos está, de facto, a viver nos Emirados Árabes Unidos.