Contra o PCP, municípios comunistas condenam a invasão russa à Ucrânia

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Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, com a bandeira de Portugal e a bandeira do Partido Comunista Português na imagem

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

Há Câmaras municipais onde o PCP tem maioria que estão a condenar a invasão da Rússia à Ucrânia de uma forma declarada e dura, contrariando o que tem sido o discurso oficial do partido comunista.

A Câmara Municipal de Grândola, onde o PCP tem maioria, é uma dessas autarquias, tendo aprovado, por unanimidade, uma moção que condena a Rússia, embora sem usar a palavra “invasão”.

A moção “Grândola pela paz” fala de “um amplo consenso entre os eleitos da CDU e do PS” e “condena firme e veementemente os actos de guerra perpetrados pela Federação Russa na Ucrânia e apela à retirada imediata das suas forças militares” daquele país, “rejeitando toda e qualquer violação do direito internacional e defendendo que a via diplomática é a única solução” para o conflito.

“Condena, igualmente, que desejos expansionistas territoriais, bem como interesses económicos e geopolíticos, resultem na perda de vidas humanas e na destruição de cidades – das suas infraestruturas essenciais e do seu património”, nota ainda a moção.

Além disso, a autarquia de Grândola “reforça a defesa dos princípios da auto-determinação dos povos e da soberania dos Estados, e advoga que as disputas internacionais sejam solucionadas por meios pacíficos, de modo que se garanta a paz e a segurança internacional”.

Neste sentido, a Câmara acrescenta que “apoia firmemente a soberania e a integridade da Ucrânia e envia uma palavra de solidariedade ao povo ucraniano e muito em particular à comunidade ucraniana presente no nosso país”.

Recusando apontar culpas à NATO, como tem feito o PCP, a autarquia de Grândola sublinha ainda que “haverá, certamente, tempo para aprofundar as origens deste conflito”, notando que, agora, “o que verdadeiramente importa é recuperar a paz no leste Europeu e restabelecer negociações e firmar acordos que a garantam a longo prazo”.

A Câmara de Santiago do Cacém, também de maioria comunista, aprovou “por unanimidade uma moção a manifestar o seu repúdio pela invasão da Ucrânia pela Rússia” e a manifestar a “solidariedade para com o povo ucraniano”, defendendo “uma solução pacífica e concertada com urgência”.

Esta autarquia usa, assim, o termo “invasão” que o PCP tem recusado utilizar, embora João Oliveira o tenha referido numa entrevista.

Palmela chega a usar duas vezes a palavra “invasão”

Em Palmela, autarquia liderada pelos comunistas, não há uma moção conjunta por falta de unanimidade, mas os partidos com assento na Assembleia Municipal “estão unidos na condenação do conflito armado na Ucrânia, na solidariedade para com os povos ucraniano e russo, vítimas de decisões políticas às quais são alheios, e na defesa intransigente da Paz”, como se salienta numa nota no site da Câmara.

Assim, foram aprovadas as quatro moções apresentadas pelos partidos representados.

Na moção do PCP, intitulada “Não à guerra – pela Paz na Ucrânia)”, pode ler-se que “o Município de Palmela rejeita liminarmente a invasão e a guerra na Ucrânia – tal como, coerentemente, tem rejeitado todas as acções de invasão e agressão, perpetradas em qualquer parte do globo – e está solidário com o povo ucraniano, bem como com o povo russo, vítimas das decisões dos seus líderes“.

Assim, fica um reparo dividido entre Putin e Zelenskyy, respectivamente presidentes da Rússia e da Ucrânia.

Mais à frente, a moção comunista reforça a decisão da autarquia de “condenar a invasão militar russa” e de “exigir o cessar-fogo imediato, o fim da escalada militar e o aprofundamento do caminho do diálogo, da concertação e da paz”.

Na autarquia de Silves, outra Câmara com maioria da CDU, usam-se também palavras fortes numa mensagem de apoio aos ucranianos, referindo-se os “graves acontecimentos na Ucrânia” e salientando-se a condenação à “invasão russa” e à “guerra”.

Contudo, esta Câmara inclui na sua condenação também o conflito armado entre o Governo ucraniano e as regiões separatistas do país que Putin usou como pretexto para invadir a Ucrânia.

Assim, a nota refere os “15 mil mortos no período 2014-2021”, estendendo o repúdio também às acções das Forças Armadas ucranianas.

A Câmara de Silves pede ainda “o cessar-fogo imediato, a retoma/cumprimento dos Acordos de Minsk, o fim das políticas de cerco e confrontação, a defesa da paz e o términus do horror e sofrimento das populações”.

ZAP //

7 Comments

    • Eu adoro este Partido e Identifico-me com eles , vergonha são aqueles que meteram este pais na Falência em que está , vergonha é quem ainda não reparou que o PC de Portugal é diferente de outros Países , vergonha é eu estar a Pagar por Politicos que nos roubam e não vale a pena dizerem se gostas dos comunistas vai para a Russia pois sou tão Portugues como outros e estamos numa democracia e já agora que eu saiba PUTIN não é comunista ele é da Frente Popular Russa , será melhor informar-se pois ele não pertence ao Partido Comunista e também nem todos os Comunistas ensam da mesma Maneira, eu por exemplo sou contra o que Putin está a fazer com a Guerra , não é assim que se resolve é com dialogo e recrimino veemente e sou comunista mas não recrimino as Razões ou seja não seria invadir a Ucrania mas sim assumir o pacto que a NATO fez , mas sobre isso pode procurar na Net e informar-se mas sim Recrimino a Guerra

  1. Perante tamanha monstruosidade dos acontecimentos e da injustiça dos mesmos por um lado e da ambição de poder por outro, talvez seja a melhor forma de alguns comunistas tentarem salvar a face, mesmo se contra vontade!

  2. Não aprenderam nada desde o século XX.
    Coitados. Pararem no tempo e continuam avessos à democracia.
    Que o Jerónimo pense assim, até se pode compreender, mas o João Oliveira também?! Coitado…

  3. É o PCP nas mãos do Putin, e nos dinheiros da Rússia, fruto explorado ao Povo Russo, o PCP não devia ter lugar num Parlamento democrático como o Português, numa militância que tem medo de contestar a sua direção Política, e denunciar o serviço ao Império Russo por sujeição ao financiamento, é igual aos Movimentos que apoiavam o Salazar, acredito que o Doutor Álvaro Cunhal esteja inquieto na sua campa,, penso que a direção do PCP esteja a dar o Cheque Mate na existência do PCP como Partido político respeitado em Portugal, mercê da ganância financeira destes dirigentes que para sobreviver estão acabar com o PCP, assim é a história de muitos partidos políticos que se vende ao capital seja que tipo de Império for. Admira a inércia da Comunicação Social com a falta de debate no seio Comunista, e o silêncio de ajuda ao Jerónimo de Sousa que está a passar á margem de toda a problemática.

  4. Apareceu hoje o Jerónimo de Sousa, para quê? Usar a cartilha do Putin, não para criticar, mobilizar a opinião pública no combate a invasores, assassinos, criminosos, mas para criticar os Americanos, a Europa, Nada disto é surpreendente, mas ver rodeado com gente, com jovens, isso sim, é surpreendente e perigoso, compreende-se na Rússia com a repressão existente e a forma pidesca que lá existe, agora, Sr Jerónimo neste momento não está em causa os Americanos, está em causa a matança de homens Mulheres Crianças, ajudar os mais fracos seria o mínimo a exigir de um partido que se diz dos trabalhadores, mas lamentavelmente entre ser livre, abdicando dos fundos financeiros Russos, escolhe os dinheiros Russos.

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