Contínua de escola coordenou hackers que atacaram Ministérios, PGR, empresas e Tony Carreira

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Um grupo de 23 pessoas, que inclui um ajudante de pedreiro e uma “estrela” de informática do Instituto Superior Técnico, estão acusados de vários crimes pelos ataques informáticos a sites de entidades públicas, incluindo Ministérios, a Procuradoria Geral da República e o Banco de Portugal, que terão sido coordenados pela contínua de uma escola.

O processo chega agora a julgamento, depois de os ataques informáticos terem decorrido entre 2012 e 2017, afectando os sites de Ministérios, da Procuradoria Geral da República (PGR), do Conselho Superior da Magistratura, do Banco de Portugal, de empresas como a EDP e a Águas de Portugal, e até a página oficial do cantor Tony Carreira.

As acções dos hackers levaram à divulgação de emails e números de telefone de centenas de magistrados, incluindo da actual Procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.

Os ataques visaram também servidores de escolas, universidades, instituições da administração central e local. O mesmo grupo de acusados foi ainda responsável pela “Operação Apagão Nacional“, que decorreu de 24 a 25 de Abril de 2014, deixando em baixo as páginas de várias instituições governamentais.

Auto-denominado “Sudohackers“, este grupo tinha elementos de vários pontos do país que comunicavam entre si através de programas de conversação online, nomeadamente o Messenger do Facebook.

A coordenar o grupo estaria uma auxiliar de acção educativa, residente no Barreiro, que organizava as reuniões e seleccionava os sites que foram alvo dos ataques, como nota o Diário de Notícias, citando a acusação. Esta contínua tinha “poucos conhecimentos de informática”, mas “muita capacidade de organização”, nota o jornal.

Entre os hackers acusados pelo Ministério Público (MP) está um ajudante de pedreiro, residente em Sesimbra, que, mesmo “sem qualquer formação em informática”, pirateou um site da ONU, reporta o Jornal de Notícias (JN).

Este jovem “penetrou nos servidores de 366 organizações a nível mundial”, refere a acusação, acedendo “a todas as bases de dados ali alojadas, sendo-lhe assim permitido, se o pretendesse, ler e retirar toda a informação que ali estivesse, bem como modificar ou apagar a mesma”, como cita o JN.

No leque de acusados do processo está Artur Ventura, de 33 anos, que é considerado “uma estrela da informática” e antigo aluno do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, frisa o Público. Ele negou qualquer envolvimento nos ataques.

O coordenador do Núcleo de Integração e Arquitectura de Software do IST, David Martinho, é outro dos acusados, nota o Público. David Martinho e Artur Ventura chegaram a viver juntos quando eram ambos alunos do Técnico, refere o jornal.

Também o proprietário e editor do blog Tugaleaks, Rui Cruz, que tem carteira de jornalista, está acusado no processo por, alegadamente, ter ganho dinheiro com a publicitação das acções do grupo de hackers. A investigação refere que, entre 2014 e 2015, conseguiu 2800 euros, noticia o DN.

Quanto aos restantes acusados, nenhum “terá ganhado dinheiro com a pirataria”, refere o JN, salientando que pretendiam apenas obter reconhecimento e notoriedade na comunicação social.

Os ataques informáticos envolveram ainda a participação de três menores à data dos crimes que não foram acusados. Dois deles terão sido os responsáveis pelo ataque ao servidor onde estava alojado o site de Tony Carreira que foi “invadido” com uma foto-montagem em que o cantor aparecia com um saco de dinheiro. A par da imagem, colocaram o seguinte texto: “Oh tone, pensavas que tínhamos esquecido de ti era? Corrupção nunca se esquece. Principalmente quando se copia músicas para se ganhar dinheiro não é”.

Um destes três menores tem agora 19 anos e o seu caso encontra-se nas mãos da Instância Central de Família e Menores de Santa Maria da Feira, refere o DN.

Os 23 acusados do processo respondem por crimes de associação criminosa, acesso ilegítimo e sabotagem informática, instigação pública a um crime e apologia pública de um crime.

SV, ZAP //

6 Comments

  1. Mau! Então, agora são os pedreiros e as auxiliares de educação a aventurar-se na informática? E os licenciados em Informática andam a trabalhar como caixas de supermercado?! Não estou a perceber bem o que se está a passar neste país 😀

  2. Os informáticos bons – conheço uns quantos casos – já há muito que escaparam para outros pontos do mundo onde são bem melhor pagos.
    Por isso os sistemas nacionais estão à mercê de qualquer curioso mais ou menos atrevido

  3. Estavam á espera de quê? Informaticos da treta que eram coordenados por uma auxiliar escolar !!! Quer dizer ela coordenava o proprio coordenador do IST?
    Ó é para rir ou nao percebo da personalidade destes informaticos e na maioria nao eram putos.
    Queriam fama, eis o preço da fama, quem tinha emprego perdeu-o e quem nao tinha esta feitio nunca mais vao trabalhar pelo menos legalmente.

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