Contacto com javalis não representa risco de doença (mas carne deve ser inspecionada)

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Há um aumento de javalis em Portugal porque foram avistados mais animais desta espécie e aumentaram os pedidos de abate. O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários alerta para a necessidade de a carne ser rigorosamente inspecionada.

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, diz que há um risco “iminente” de os javalis serem portadores da peste suína africana, alertando para a necessidade de a carne ser rigorosamente inspecionada antes do consumo.

Em declarações à Lusa, Jorge Cid referiu que a peste suína africana “não é propriamente um problema de saúde pública na transmissão ao humano” em contacto com o animal vivo, mas pode trazer “consequências desastrosas na economia nacional”, por causa da carne.

“É mais num consumo desta carne que tem de ser inspecionada. Qualquer carne, qualquer produto de origem animal, deve ser inspecionada por um médico veterinário”, salientou o bastonário, indicando que o “contacto à distância não tem perigo para a saúde pública”. Jorge Cid considerou que deve existir um corpo de inspetores sanitários para avaliar a carne para consumo.

Por seu turno, o Governo explicou à Lusa que tem vindo a acompanhar de muito perto a evolução da peste suína africana, tendo já implementado um conjunto de medidas preventivas que visam o controlo da situação.

No caso da prevenção da doença, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) “tem vindo a implementar medidas preventivas da doença que passam pelo reforço da comunicação e sensibilização dos vários intervenientes, reforço da biossegurança nas explorações e nos meios de transporte, bem como pela intensificação da vigilância com vista à sua deteção precoce”.

O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural alertou os médicos veterinários municipais e privados para notificarem a DGAV em caso de suspeita de ou detenção de peste suína africana.

O Governo criou, por despacho publicado na terça-feira passada, uma comissão de acompanhamento destinada a apoiar e avaliar a execução das medidas previstas no plano de ação para a prevenção da peste suína africana 2019-2021 (PAPPSA).

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, explica no despacho que em meados de junho foi aprovado o PAPPSA, com o objetivo de reforçar as medidas de vigilância, de prevenção, da biossegurança e de incremento dos controlos oficiais, no sentido de evitar a introdução do vírus da peste suína africana, ou uma rápida intervenção na eventualidade de ser observado algum surto.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) reconheceu que há um aumento de javalis em Portugal porque foram avistados mais animais desta espécie e aumentaram os pedidos de abate.

“Tendo em conta o número crescente dos avistamentos, o aumento dos pedidos de correção de densidades [número da população] e o consequente aumento do número de abates por parte das zonas de caça, existe uma perceção de que as populações desta espécie estão a aumentar”, referiu o ICNF à Lusa.

De acordo com a entidade, este fenómeno tem correspondência com o que se tem vindo a verificar em praticamente em todos os países europeus ao longo da última década.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Estes tipo têm cá uma lata…
    A verdadeira preocupação das autoridades não é de todo, a pseudo peste suína africana, mas sim o facto de que se o povo abater e consumir javalis, obviamente, não terá de comprar carne nos talhos e hipermercados o que traduz inevitavelmente uma diminuição das receitas com o IVA e outras taxas (taxas de abate nos matadouros e consequente IVA sobre essas taxas, o transporte dessas carnes também é taxado por cada kg de carne transportada, e acresce IVA a essa taxa)tudo somado, é muito € que passa ao lado.
    Se o povo abater um javali e o fizer inspeccionar por um ou mais veterinários, terá seguramente de pagar esse serviço acrescido de IVA e até uma qualquer taxa por cada kg de carcaça do animal.
    Pede se mais vergonha na cara a quem governa e que, pelo menos chamem as coisas pelos seus nomes (saúde publica vs receitas para os cofres do estado).
    Áqueles que não concordarem comigo, abstenham se de comentários fúteis, ofensivos e outros, ja que sou conhecedor por experiência de muitos anos daquilo que escrevi.

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