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Conselho Nacional de Ética alarmado com fraude na investigação científica

Relatório sugere a criação de um novo órgão de avaliação que supervisione casos de má conduta nas instituições nas quais se faz investigação.

Segundo um relatório do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) sobre a integridade na investigação científica, datado de fevereiro, existe em Portugal “um conflito entre o valor da verdade em ciência e a lógica imposta pelas métricas de avaliação dos investigadores e das instituições”.

Esta lógica “tem obrigatoriamente que ser revisitada”, diz o Conselho, e para isso é necessário “promover uma política sólida e eticamente robusta de integridade na investigação”.

Para solucionar este problema, o CNECV propõe a criação de uma entidade, que pode ser uma comissão ou uma personalidade, em todas as instituições de investigação e do ensino superior que monitorize “potenciais situações de má conduta”.

O objetivo é que esta figura reporte “diretamente ao responsável máximo da instituição, tendo o poder de mediar e apreciar, sem poder decisório, as queixas que lhe são dirigidas e proceder a averiguações”.

Ana Sofia Carvalho, relatora do documento e conselheira do CNECV, refere que “a figura do provedor é a que me parece fazer mais sentido em Portugal”. A especialista refere ainda que, o facto de Portugal não ter uma estratégia política nacional relativamente a este assunto pode comprometer não só a investigação como a credibilidade dos cientistas.

Além disso, de modo a que seja garantido “um processo apropriado, justo, uniforme e com resultados e sanções adequadas e equitativas a nível nacional, poderá ser criada uma Comissão Nacional para a Integridade Científica”, um órgão que deverá tratar casos relacionados com “suspeitas de fabricação, falsificação e de omissão deliberada de dados indesejáveis, que são violações graves do ethos da investigação”.

Segundo o Público, o CNECV recomenda ainda que o Código Europeu de Conduta para a Integridade Científica sirva de referência aos códigos desenvolvidos pelas instituições.

Para Mário Barbosa, coordenador científico do I3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto, “o que é descrito no documento é algo que se verifica a nível mundial e que resulta de vários fatores, incluindo a excessiva competitividade em que a atividade científica é hoje desenvolvida”.

Tanto a Universidade de Coimbra como a Universidade do Porto já têm comissões de ética.

ZAP //

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