O Supremo Tribunal da Irlanda do Norte considerou esta sexta-feira que Liam Holden, o último homem a ser condenado à morte por enforcamento no Reino Unido, foi injustamente acusado da morte de um soldado britânico, após a sua confissão ter sido obtida mediante tortura e ameaças de morte.
De acordo com o Belfast Telegraph, o homem foi condenado em 1973, viu depois a pena ser comutada para prisão perpétua, antes de ser anulada há 11 anos. Faleceu no ano passado, aos 68 anos.
Para o juiz Kevin Rooney, citado pelo jornal, Holden “foi sujeito a humilhação e degradação e os soldados atuaram de maneira opressiva, maliciosa, insultuosa e arrogante”. Por isso, condenou o Estado britânico a pagar mais 350 mil libras (395 mil euros) aos herdeiros da vítima.
Holden recebeu em vida 1 milhão de libras (1,13 milhões de euros) de indemnização pelos danos causados. Este novo caso resulta de ação separada por danos contra o Ministério da Defesa britânico por improbidade em cargo público, agressão, espancamento e tortura.
No Twitter, o Pat Finucane Centre, um grupo de defesa de direitos humanos, escreveu que “o juiz leu o testemunho de Liam em tribunal no ano passado – ‘Eu só quero os documentos a provar que sou inocente e que um soldado diga ‘eu fiz isto’.’ Infelizmente, faleceu antes desta vindicação”.
O caso remonta a outubro de 1972, depois da morte a tiro do soldado Bell na área da Springfield Avenue, no lado ocidental de Belfast. Na altura com 18 anos e a trabalhar como cozinheiro, Holden foi levado para um posto militar e submetido a afogamento simulado, em quatro sessões do género.
Quando lhe colocaram um capuz na cabeça, lhe encostaram uma arma à cabeça e exigiram que confessasse ter matado o soldado Bell, concordou em aceitar que tinha sido ele a disparar.