Conceição arrasa plantel e antigos jogadores apoiam: “Há lances neste jogo que são uma autêntica vergonha”

Depois do encontro dos dragões frente ao Boavista, que terminou empatado a duas bolas, Sérgio Conceição deu um “puxão de orelhas” à sua equipa. Dois antigos jogadores do FC Porto concordaram com o treinador e também teceram duras críticas à formação azul e branca.

Já não é a primeira vez que Sérgio Conceição se mostra descontente com os resultados ou com a exibição do FC Porto. Logo a seguir ao empate frente ao Boavista (2-2), o treinador deixou duras críticas ao plantel.

“Primeira parte desastrosa, onde entraram as camisolas mas elas não jogaram. É preciso correr, ter dinâmica e depois da perda da bola reagir. Transição ataque-defesa muito má e estávamos avisados para isso. [Para] jogar no FC Porto não basta ter contrato, é preciso mais. Não basta ser da formação ou ser bonito nas redes sociais“, começou por dizer à Sport TV.

“É a pior primeira parte desde que sou treinador. Não do FC Porto, mas de sempre”, atirou Conceição.

O treinador portista considera que a equipa não dignificou o clube na primeira parte do jogo e avisou que “quem não percebe isso, não pode estar no FC Porto”, cabendo-lhe a si a tomada de decisões.

O jornal Record falou com dois antigos jogadores do emblema azul e branco, que comentaram as duras críticas feitas por Sérgio Conceição à equipa.

“Acho que ele [Sérgio Conceição] tem aquela reação por realmente achar que aquela primeira parte foi desastrosa, a pior dele como treinador. Isso, a ser verdade, ele não foge com o rabo à seringa e diz que a culpa é dele. Os jogadores não podem entrar à espera que as coisas aconteçam. No FC Porto tem de se entrar logo para ganhar“, disse Eduardo Luís, ex-jogador, sobre as declarações do treinador portista.

O antigo defesa, campeão europeu pelos ‘dragões’, considera que “os jogadores têm de interiorizar” as palavras de Sérgio Conceição e que cada um deve avaliar se “lhe serve a carapuça”.

“Se estou inserido numa equipa, onde o treinador acusa os jogadores de não terem dado o máximo durante um determinado tempo de jogo, é claro que também sou por tabela visado, mesmo tendo a consciência que não fui tão mau assim. Estou inserido numa equipa e tenho de reconhecer que tenho de fazer mais. É isso que os jogadores têm de interiorizar. São estes os exemplos que servem para que as coisas negativas não se repitam no futuro”, disse Eduardo Luís, em declarações ao Record.

Uma opinião partilhada por Albertino, antigo atacante do FC Porto.

“O Sérgio Conceição foi jogador de alto nível e percebe a filosofia e a linguagem dos jogadores. Ele sabe tudo. (…) Há lances neste jogo que são uma autêntica vergonha. O segundo golo do Boavista há um jogador que passa por dois jogadores do FC Porto que ficam parados. Ele cruza a bola e dá o segundo golo. Mostrar àqueles jogadores aquela paragem em vídeo. Um deles é o melhor jogador do FC Porto, o Corona, o outro o Manafá. Ficaram parados a olhar para o jogador do Boavista. Isto nem nos distritais se faz. Isto era de castigar os jogadores“, criticou Albertino.

“O José Maria Pedroto [treinador de Albertino no FC Porto] punha-os na bancada no próximo jogo. Nem a suplentes iam. E estou a falar de um dos melhores jogadores do campeonato português, o Corona. É uma falha que não se pode permitir a jogadores equipados à FC Porto“, remata.

O antigo avançado dos ‘dragões’ acredita, no entanto, que as palavras do técnico terão uma resposta breve dos jogadores.

“Isto não foram falhanços, foram coisas vergonhosas”, disse ainda.

“O Sérgio Conceição não quer dizer isto porque ele é treinador e não pode. Mas eu, que estou de fora, posso dizer. Este plantel do FC Porto não é forte. Tem 14 ou 15 jogadores, mais nada. Não é um plantel como o do Benfica, que pode estar sempre a mudar. Não vou dizer que seja fraco, mas o plantel do FC Porto não é forte. Ele ontem olhou para o banco e restou-lhe colocar o filho”, concluiu.

O FC Porto ocupa o segundo lugar da tabela classificativa e encontra-se a sete pontos do Sporting, que segue na frente com menos um jogo disputado.