No final da semana passada, a Associação dos Ucranianos em Portugal enviou um email ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, a exigir que a autarquia lhe dê garantias de que os dados pessoais de organizadores de manifestações não foram reenviados para o país.
“Devido à notícia sobre a revelação dos dados pessoais dos organizadores das manifestações em frente à embaixada russa em Lisboa, exigimos garantias que o mesmo não será feito com os cidadãos ucranianos que organizaram em Lisboa numerosas manifestações contra agressão russa e contra a anexação da Crimeia”, lê-se no email, a que o Expresso teve acesso.
Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, disse ao semanário que têm sido organizados dezenas de protestos desde o final de 2013, não só em frente à embaixada da Rússia, como também à dos Estados Unidos e Reino Unido.
“Uma pessoa da Câmara Municipal de Lisboa ligou-nos posteriormente ao envio do nosso email a dizer que a autarquia iria investigar os procedimentos feitos na altura com os nossos pedidos para manifestações”, acrescentou.
O dirigente explicou que, quando é feito um pedido a informar de uma manifestação, a autarquia tem acesso ao número de pessoas esperadas no protesto, motivo e identidade dos organizadores. “Sabíamos que esses dados eram reenviados para a PSP, mas desconhecíamos que eram também passados para outros países”, afirmou.
Sadokha disse ainda que, caso se confirme que a CML reenviou os dados pessoais de ativistas, como fez no caso dos três ativistas russos em janeiro, a associação pondera fazer uma queixa-crime ao Ministério Público.
“A confirmar-se é algo de muito grave”, sublinhou, em declarações ao semanário.
“Se eles ficam a saber das nossas moradas pode ser muito problemático. Temos medo que algo lhes possa acontecer“, referiu o dirigente ucraniano, lembrando que há ativistas que se têm mostrado contra a invasão russa do território da Crimeia e que já foram ameaçados nas redes sociais.