Funcionários recusam identificar operadora, pedem factura para “análise posterior”, ou mentem aos moradores.
A campainha toca. Pergunta-se quem é. A resposta é algo do género: “Venho terminar o relatório de fibra no prédio. É só para me abrir a porta”. “Não percebi”, ouve-se no comunicador. O funcionário insiste: “Terminar o relatório de fibra. É só abrir a porta”.
Assim começa a visita de um funcionário da empresa Sector Interactivo que, já à porta do morador, explica que está a analisar a qualidade do serviço de comunicações na zona, a averiguar se os moradores estão a pagar demasiado pelo pacote que utilizam em casa e a verificar se os equipamentos já estão ultrapassados.
O morador pede identificação; o funcionário acede e mostra, no telemóvel, o seu perfil na página da empresa. Continua a explicação do seu objectivo na visita e explica que não está ligado directamente a qualquer operadora. Faz uma análise ao serviço, seguindo a base de dados que apresenta no seu tablet.
De seguida pede o nome do morador e a operadora com a qual o morador tem contrato. E aqui a conversa muda de tom: o funcionário não sabe o nome do morador, mesmo olhando para a sua base de dados; e quando o morador comenta que o tablet “deve ter aí escrito qual é a operadora” que lhe fornece o serviço, o funcionário responde que não pode divulgar o nome da operadora por uma questão de protecção de dados – quando os dados são da própria pessoa com quem está a falar.
Depois, perante a insistência do morador sobre o verdadeiro motivo daquela visita, o funcionário repete a ideia de análise de serviços e pede logo a seguir uma factura da operadora “para análise posterior dos colegas, para verem o que podem fazer. Portanto, se me quiser dar uma factura…” – a ideia do funcionário seria conseguir um contrato com outra operadora, naquela casa.
A conversa terminou ali.
Moradora enganada
Foi este o relato que o ZAP recolheu nesta semana, num discurso que se repetiu, no mínimo, nas dezenas de casas daquela rua, no Grande Porto.
Uma partilha que surge poucos dias depois de, no Portal da Queixa, a mesma empresa ter sido o “alvo” da reclamação apresentada por Sara Sousa, em relação à mudança de operadora.
O funcionário da Sector Interactivo assegurou a Sara que a moradora não teria de pagar qualquer indemnização à antiga operadora, mesmo antecipando o final de contrato (havia fidelização).
Sara dirigiu-se a uma loja oficial da nova operadora e verificou duas coisas: que tinha sido enganada, durante aquela visita; e que aquela não era a primeira queixa registada pela operadora, relacionada com a empresa em causa.
DECO reforça avisos
Contactada pelo ZAP, a DECO Proteste recusou comentar este tipo de esquemas porque “depende sempre de caso para caso” mas adiantou que estas empresas (Sector Interactivo não estará sozinha neste método) criam a ideia de que “o processo passa todo por eles. E acredito que isso pode acontecer, mas a responsabilidade contratual é sempre do consumidor. O consumidor deve tomar as rédeas da situação”, avisou.
Quem tem contrato com uma operadora, regra geral está sujeito a uma fidelização. E, se quiser assinar um novo contrato, o consumidor deve estar ciente de que isso “não será fácil”.
“Deve confirmar se há fidelização e verificar os custos associados a eventual quebra de fidelização. Normalmente o contrato tem essa informação; ou deve perguntar à operadora”, acrescentou.
“Quando acontece uma mudança de contrato durante o período de fidelização, muitas vezes o consumidor confronta-se com custos de que não estava à espera” – mas, se quiser cancelar essa mudança de operadora, tem 14 dias para o fazer. “As pessoas devem estar mesmo atentas e não podem deixar passar este período”, sublinhou a DECO Proteste.
O ZAP também contactou a Sector Interactivo, por telefone e por e-mail. Não tivemos qualquer resposta.
Com frequência batem-me à porta com esse tipo de conversa. Corro com eles, mas acredito que convençam pessoas menos atentas
Proibir contratos porta a porta seria uma grande golpe nesses esquemas que atingem sobretudo os idosos mais ingénuos!…
Já fui enganada por uma pessoa se denominando da empresa que era responsável por todas as redes de comunicação aqui em Portugal…eles disseram que não ia ter que pagar indenização a operadora e que era um direito meu…depois vi as contas chegando…depois de feito eles Somem… não responde mais as mensagens e nos deixam com a bomba nas mãos…
Infelizmente cai nessa na minha própria casa
O nome da pessoa é André…achei o perfil até no Facebook
Ja vieram A minha casa, fiz contrato com eles e correu tudo as mil maravilhas, não fizeram nada do que está aqui escrito…
Claramente que isso depende de pessoa para pessoa, fiz uma vez contrato com um colaborador e correu tudo bem, desde portabilidades a rescisão
Ainda estava fidelizado com a minha antiga operadora durante mais um ano, onde o colaborar da empresa me avisou
Cada caso é um caso e não é justo julgar todas as empresas/Pessoas
Cumprimentos