Compadre escondia “saco azul” do fundador da Altice. Esquema “inspirado” em Isabel dos Santos

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António Pedro Santos / Lusa

Armando Pereira, co-fundador da Altice

Dinheiro das comissões suspeitas era canalizado para os Emirados Árabes Unidos e empresa de consultores portugueses no Dubai que ajudava a montar companhias offshore terá feito o mesmo para Isabel dos Santos.

As suspeitas em torno de Armando Pereiraindiciado de 11 crimes de corrupção, branqueamento de capitais e falsificação no âmbito da Operação Picoas — e do seu braço direito, Hernâni Vaz Antunes crescem a cada dia que passa.

Uma das linhas de investigação do Ministério Público envolve um esquema internacional de canalização do dinheiro do “saco azul” proveniente de comissões suspeitas de fornecedores da multinacional que pode levar as autoridades francesas, alemãs e americanas a abrir inquéritos sobre o caso.

Seria nesses países e na República Dominicana que os dois principais visados, Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes, reproduziam o esquema e canalizavam o dinheiro para contas tituladas por gente de confiança nos Emirados Árabes Unidos.

Uma dessas contas será de David Benchetrit, pai de Yossi Benchetrit (marido da filha de Armando Pereira) e proprietário de duas empresas sediadas nos Emirados Árabes Unidos e que tinham contas bancárias cujo papel era canalizar os vastos milhões, fazendo desaparecer o dinheiro que Pereira e Vaz Antunes dividiam.

Segundo o JN, o co-fundador da Altice e o seu braço direito criavam as empresas que passavam a ser fornecedores privilegiados da Altice, com Pereira a usar a sua influência para canalizar contratos para essas mesmas firmas, enquanto Vaz Antunes se tornava gestor das unidades.

Esquemas “inspirados” em Isabel dos Santos

As companhias offshore alegadamente montadas por Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes nos Emirados Árabes Unidos ergueram-se, avança o Expresso, com a ajuda de uma empresa de consultores portugueses no Dubai, que também foi contratada por Isabel dos Santos — investigada por beneficiar diretamente de esquemas de sobrefaturação de serviços de consultoria.

Tal como a ex-CEO da Sonangol, os dois amigos também terão sobrefaturado uma empresa que controlam para recolher os lucros nos Emirados, suspeita o MP.

Ao todo, segundo os indícios reunidos pelo DCIAP, estão em causa 660 milhões de euros de fornecimentos faturados à Altice, entre 2017 e 2022, por várias empresas da esfera de Hernâni Vaz Antunes e controladas através de companhias offshore nos EAU ou de alegados testas de ferro.

Com o apoio da Tagus Consulting, que surge no processo Luanda Leaks, processo que visa a empresária angolana, o esquema offshore foi montado. Em 2016, a mesma empresa de consultadoria criou para duas companhias offshore, a Africo Retail International e a Industrial Africa Development, para Isabel, abrindo-lhes contas bancárias e tratando-lhes da contabilidade.

Agora, a mesma empresa terá ajudado a emitir faturas para justificar transferências de dinheiro de companhias de Vaz Antunes para companhias de Armando Pereira.

A “cabecilha” de todo este esquema terá sido Jéssica Antunes, filha de Vaz Antunes — que não é a única herdeira dos dois parceiros de negócios a ser alvo das atenções.

A filha de Armando Pereira e mulher de Yossi Benchetrit, Gaelle Pereira Benchetrit, detém dois apartamentos de alto luxo, no valor conjunto de 83 milhões de euros, num dos maiores arranha-céus residenciais de Nova Iorque, a quinta estrutura mais alta da cidade, escreve o Correio da Manhã.

Escutas revelam patrimónios de luxo

Várias escutas já entregues aos advogados do processo da Operação Picoas revelaram o extenso património inegável dos maiores visados. Nas mesmas, ouvir-se-á Vaz Antunes a falar da sua garrafeira pessoal que ocupa 400 metros quadrados.

Avaliada em cerca de um milhão de euros, segundo Vespesiano Macedo (pai de Bruno Macedo) afirma ao telefone com um amigo de Hernâni Antunes, a garrafeira é uma das muitas amostras de riqueza de Vaz Antunes, dono, segundo o Correio da Manhã, de 230 automóveis.

Percebe-se alegadamente pelas escutas que o co-fundador da empresa e Vaz Antuness competiam pelo melhor dos melhores: a certo ponto, Hernâni gabará o seu Bugatti de 11 milhões de euros, inevitavelmente mais caro do que o helicóptero de Vaz Antunes de 2,7 milhões.

ZAP //

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4 Comments

  1. Eu nem sequer gosto deles. Detesto as coisas da MEO porque não trabalham como deve de ser (ou pelo menos as que eu tenho porque infelizmente onde moro não passa outra rede…).

    Mas isto cheira tanto a dor de cotovelo que até ao pessoal com artrites e acido urico lhes doi menos…

    Não consigo entender como é que sendo o homem dono da empresa não pode optar por ter outra empresa que venda a ela própria… isso não devia ser um problema dele e do sócio?

    O MP não tem que fazer? Há gente a maltratar crianças e eles perdem tempo atras de um tipo que gosta de comprar carros e helicópteros?

    As nossas finanças e a dor de cotovelo (ao que parece, inclusive) dos investigadores do MP…

    Daqui a pouco vamos começar a ter um limite de riqueza como na china. Quem tem mais de um certo limite declarado, vai preso que é para não se andar para ai a armar que emprega dezenas de milhares de pessoas.

    Depois vamos a ver, e se for um politico qualquer que fanou não sei quantos milhões ao estado, “tá-se” bem…

    Se as finanças se preocupam tanto com o dinheiro que vai para o Dubai e para o Panamá, não deviam começar a arranjar maneira de o cativar para aqui em vez de fazer com que toda a gente que ganhe mais do que 10 euros queira guardar o dinheiro noutro lugar qualquer?

  2. Este sr. Antônio Machado consegue dizer uma série de asneiras em 8 parágrafos.
    O homem como lhe chama pode ter as empresas que quiser. O que não pode é andar a fugir ao fisco com vendas fictícias.
    E quem lhe disse que há limites de riqueza na RPC?
    INFORME SE ANTES DE ABRIR A MATRACA!

  3. Não é só o problema do roubo ao Fisco, pois o Armando Pereira não era dono da Altice, o Dono é Patrick Drahi, e esse sim também foi roubado… E muito, eu no lugar dele punha a cabeça do Armando Pereira e afins a prémio!

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