Apesar da retoma da economia ser apontada como a razão para a subida da cobrança de comissões, os aumentos continuam mesmo em relação a 2019. A subida dos juros não deve levar a uma redução das comissões.
Nos últimos anos, os preços das comissões bancárias têm subido, mesmo com o travão que o Parlamento quis colocar a algumas destas cobranças. No primeiro semestre de 2022, as comissões cresceram não só em relação ao mesmo período de 2021, mas também em relação aos valores pré-pandemia de 2019.
Segundo o Expresso, a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Comercial Português, o Santander Portugal e o Banco BPI ganharam no total 1078 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano só com as comissões, uma subida de 13% em relação a 2021, quando o valor foi de 953,7 milhões.
Já em comparação com o primeiro semestre de 2019, os ganhos aumentaram 19%, visto que nesse ano o valor estava nos 905 milhões. As contas não incluem o Novo Banco, mas a instituição já tinha registado um aumento de 9% nas comissões nos primeiros três meses do ano.
Os banqueiros justificam as subidas com a retoma da economia, visto que o aumento das transações se traduz num aumento das comissões, e também devido ao efeito das moratórias no primeiro trimestre de 2021.
No entanto, a subida continua a persistir mesmo em relação a 2019. Isto explica-se porque os bancos viram as comissões como uma alternativa para a obtenção de proveitos face à taxas de juro em mínimos históricos. De acordo com a DECO, nos últimos 10 anos as taxas subiram 47%.
Apesar de o Banco Central Europeu ter começado recentemente a subir os juros para combater a inflação, as comissões não devem descer. “O que se está a verificar é processo de normalização, não se está a verificar uma subida de juros para patamares que são fora da normalidade, o que hoje ainda temos, que é a taxa zero, ainda é uma anormalidade, não estamos dentro daquilo que é política monetária normal”, explicou Miguel Maya, CEO do BCP.