As observações da constituição química do cometa interestelar 2I/Borisov mostraram que é diferente da maioria dos cometas observados no Sistema Solar. Além disso, a sua composição mostra que veio de um lar frio e distante.
O cometa interestelar 2I/Borisov foi descoberto em setembro de 2019 quando se começou a aproximar do Sistema Solar interno a partir das profundezas do espaço. À medida que se aproximava do Sol, ficou mais quente e começou a libertar cada vez mais material do seu interior.
A princípio, o visitante interestelar parecia muito semelhante aos cometas no nosso Sistema Solar. No entanto, acabou por ser muito diferente.
De acordo com o comunicado do National Radio Astronomy Observatory, as observações revelaram que o Borisov é rico em gelo de monóxido de carbono (CO) – muito mais rico do que qualquer cometa a 300 milhões de quilómetros do Sol.
A água é, geralmente, a molécula mais abundante no coma de cometas no nosso Sistema Solar. No entanto, as deteções no coma de Borisov indicaram 0,7 a 1,7 vezes mais CO do que a água.
“Esta é a primeira vez que olhamos para dentro de um cometa de fora do nosso Sistema Solar e é dramaticamente diferente da maioria dos outros cometas que já vimos antes”, disse Martin Cordiner, astroquímico do Goddard Space Flight Center da NASA.
“O cometa deverá ter-se formado a partir de material muito rico em gelo de CO, que está presente apenas nas temperaturas mais baixas encontradas no Espaço, abaixo de -250ºC”, acrescentou Stefanie Milam, cientista planetária do Goddard Space Flight Center da NASA.
A nova investigação mostra uma imagem mais clara da formação do cometa Borisov: não se formou perto da sua estrela, mas numa região fria e, provavelmente, foi expulso do seu sistema estelar original por uma estrela que passava ou por um planeta gigante, enviando-o numa jornada de milhares de milhões de anos para chegar até ao Sistema Solar.
As descobertas vêm de dois estudos independentes publicados esta semana na revista científica Nature Astronomy, um usando o Telescópio Espacial Hubble e o outro usando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA).
A jornada do 2I/Borisov pelo Sistema Solar foi fatal para o cometa. As últimas observações mostram que se separou alguns meses após a sua passagem mais próxima ao Sol, que ocorreu em dezembro de 2019.
Porém, as observações vão continuar. Os astrónomos querem saber o máximo possível sobre este objeto, que é o segundo objeto interestelar descoberto na história.
O primeiro objeto interestelar detetado, o Oumuamua ou “Mensageiro das Estrelas”, está rodeado de mistérios desde o dia em que foi descoberto por astrónomos da Universidade do Hawai, em outubro de 2017.