O realizador e produtor brasileiro, que colaborou com o famoso canal de comédia “Porta dos Fundos”, foi morto à facada, na madrugada de terça-feira, no Rio de Janeiro, num suposto assalto.
A informação foi confirmada pela polícia e por amigos de Cadu Barcellos, que trabalhava atualmente como assistente de direção do programa “Greg News”, apresentado pelo ator e escritor Gregorio Duvivier e transmitido semanalmente na plataforma HBO.
O realizador e produtor, de 34 anos, tinha deixado a Pedra do Sal, considerada o templo do samba carioca, num veículo que uma amiga havia pedido através de uma aplicação de transporte, do qual saiu alguns quilómetros depois, próximo de uma entrada do metro no centro do Rio de Janeiro, onde foi alegadamente assaltado.
Segundo o portal de notícias brasileiro G1, o cineasta foi visto a gritar por socorro por volta das 03h30 locais, tendo posteriormente caído inanimado no chão. A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou, em comunicado, que foi alertada sobre o ocorrido, tendo-se deslocado ao local, onde encontrou o corpo do jovem cineasta já sem vida.
O Departamento de Homicídios da polícia abriu uma investigação para esclarecer as causas da morte e encontrar o responsável. O boletim policial identificou “ferimentos causados por instrumento cortante, principalmente na região do peito”, segundo as autoridades.
“Possivelmente, Cadu foi assassinado por causa de um telemóvel, de um Riocard [passe de transporte do Rio de Janeiro] e alguns reais”, disse ao G1 William Oliveira, amigo do produtor.
Após a morte do cineasta, o grupo “Porta da Fundos” emitiu um comunicado a lamentar esta “notícia devastadora”.
“Cadu era uma pessoa alegre, brilhante, além de um profissional talentoso, pai querido e amigo de toda a equipa. Chegava para trabalhar sempre sorridente, às vezes com o filho no colo, e fazia-nos rir o dia inteiro, mesmo neste ano sombrio. Nada vai reparar esta perda”, comunicou o canal de comédia numa nota partilhada no Twitter.
Também Gregorio Duvivier homenageou o produtor, no Instagram, recordando o seu talento e bom humor.
“Cadu, alegria de todos os zooms [ferramenta de videoconferências], toda a vez que abria o microfone era para nos fazer rir. Não sei como é que fizemos três temporadas sem ti, e não sei como é que vamos fazer daqui para a frente. Nada mais faz sentido. Menino-prodígio do audiovisual, gigante em todos os sentidos, quase dois metros de amor, criatividade, humor e brincadeira. (…) Cadu morreu, vítima do que parece ter sido um assalto. Nunca vamos esquecer o seu sorriso”, lembrou o humorista brasileiro.
Barcellos dedicou grande parte da sua carreira cinematográfica a mostrar a dura realidade das favelas cariocas. Foi realizador e guionista da série “Mais x favela” (2011), do canal Multishow, e do documentário “5x Pacificação” (2012), assim como criador do canal comunitário “Maré Vive”, no qual colaboram os próprios moradores do complexo de favelas da Maré.
O brasileiro promoveu ainda projetos audiovisuais e ações para melhorar a saúde e a igualdade de género nas comunidades do Rio de Janeiro. Participou ainda como dançarino do “Corpo de Dança da Maré”, que o coreógrafo Ivaldo Bertazzo dirigiu durante três anos e ofereceu espetáculos em diferentes regiões do Brasil.
Cadu Barcellos dirigiu ainda um dos episódios que integram o filme “5x Favela – Agora por Nós Mesmos”, exibido no Festival de Cannes de 2010, entre outros trabalhos que realizou para cinema e televisão.
O realizador e produtor brasileiro deixa a mulher e um filho de dois anos. Segundo o mesmo portal brasileiro, o funeral realiza-se, esta quinta-feira, no Cemitério da Penitência, no Caju.
ZAP // Lusa
“vou chorar, desculpe mas eu vou chorar…”