A cocaína está ao preço da cerveja na Suíça (e há apelos à legalização)

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Berna está a ponderar um esquema piloto para legalizar a cocaína para uso recreativo para combater o problema do consumo.

A capital da Suíça está a considerar um esquema piloto para a legalização da cocaína para uso recreativo, reconhecendo o fracasso da guerra contra as drogas. Este plano radical, aparentemente inédito a nível mundial, surge em resposta aos altos níveis de consumo de cocaína em Berna.

Segundo a Addiction Switzerland, os preços da cocaína diminuíram para metade no país nos últimos cinco anos, e a pureza da droga aumentou consideravelmente. Atualmente, uma dose de cocaína custa cerca de 10 francos suíços, um preço comparável ao de uma cerveja.

A queda dos preços deve-se à inundação do mercado com grandes quantidades da droga, evidenciada pelas mais de 160 toneladas de cocaína confiscadas em Antuérpia e Roterdão em 2022.

Várias cidades suíças, incluindo Zurique, Basileia e Genebra, estão entre as 10 cidades europeias com maior consumo de cocaína. Este cenário levou a críticas sobre a eficácia das proibições totais, com políticos e especialistas a argumentar que a legalização e o controlo poderiam ser mais eficazes do que a mera repressão.

O plano de Berna para a legalização da cocaína seguiria os ensaios em curso para a venda legal de canábis, com a necessidade de alterar a lei nacional que proíbe o uso recreativo da droga.

“A guerra contra as drogas fracassou e temos de olhar para novas ideias. O controlo e a legalização podem ser melhores do que a mera repressão”, defende Eva Chen, membro do conselho de Berna e representante do Partido da Esquerda Alternativa, que co-patrocinou a proposta.

Chen realça ainda que o esquema seria cientificamente supervisionado, embora os detalhes sobre a venda e a origem da droga ainda estejam por definir.

Apesar do apoio do parlamento de Berna ao esquema, existem vários obstáculos políticos a ultrapassar. O governo do cantão de Berna, que tende mais à direita, poderá opor-se à mudança necessária na lei nacional, explica o Telegraph.

Além disso, há preocupações sobre os potenciais perigos da cocaína. “A cocaína é uma das substâncias mais viciantes conhecidas”, defende Boris Quednow, líder do grupo do Centro de Pesquisa Psiquiátrica da Universidade de Zurique, que frisa que os seus riscos são muito mais graves do que os do álcool ou da canábis, como problemas cardíacos, derrames ou as overdoses.

A implementação do plano depende dos resultados dos atuais esquemas de venda de cannabis em farmácias e de uma avaliação cuidadosa dos riscos. O diretorado de educação, assuntos sociais e desporto de Berna está a preparar um relatório sobre o possível ensaio com cocaína.

ZAP //

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