A Ordem dos Psicólogos Portugueses tem recebido cada vez mais denúncias contra o que apelida de “falsos psicólogos”. Um fenómeno relacionado com a moda dos cursos de coaching e do crescimento dos chamados “lifecoaches”.
Só neste ano, até este mês de Novembro, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) já tratou de 70 processos por usurpação de título profissional, conforme dados divulgados pelo Jornal de Notícias (JN).
Estes processos foram encaminhados para o Ministério Público e revelam uma tendência de crescimento relativamente a anos anteriores.
Em 2021, houve 54 denúncias enquanto em 2020, se verificaram apenas 11, de acordo com dados da OPP citados pelo JN.
Estão em causa “falsos psicólogos”, pessoas que alegam ter formação em Psicologia, mas que de facto não a têm, ou que não completaram os seus cursos, não estando inscritos na OPP.
“Muitas vezes, são consultores sem formação em psicologia. Vêm de outras áreas como a gestão, a economia e o direito e fazem formação de coaching durante uns fins de semanas”, explica ao JN o bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues.
Este responsável fala ainda de situações de “pessoas que acham que têm muito jeito para os outros e passam a intitular-se “lifecoaches”“.
“Só conheço uma certificação em coaching, que é o psicológico, e a entidade habilitada a fazê-lo é a OPP. De resto, não conheço mais nenhuma. A certificação é, muitas vezes, um negócio”, aponta ainda.
“Haverá casos de pessoas muito bem-intencionadas, mas outras nem tanto. Uns estarão mais conscientes dos perigos que podem causar e outros não”, diz também Miranda Rodrigues.
O bastonário nota que as queixas também podem estar a aumentar porque as pessoas vão “distinguindo o trigo do joio”. “Creio que teremos uma ascensão dos números, antes da queda”, prevê.
