O núcleo mais próximo do presidente do PSD acredita que os recentes resultados nas autárquicas podem ter mudado as regras do jogo para Rui Rio. “As pessoas começam a acreditar que a mudança é possível.”
O Conselho Nacional do PSD vai reunir-se em meados de outubro para analisar os resultados das eleições autárquicas e marcar as diretas e o Congresso do partido. A data mais provável será 14 de outubro e Lisboa foi o local escolhido.
A inesperada vitória de Carlos Moedas em Lisboa, mas também a conquista de autarquias como Coimbra, Funchal ou Portalegre, deram um novo fôlego a Rui Rio, que preferiu mesmo assim manter o tabu sobre uma eventual recandidatura à liderança do partido.
Para os mais próximos do atual presidente do PSD, não há dúvidas de que está agora numa posição muito mais favorável para avançar, e até de ganhar as eleições internas.
“Todos os objetivos foram cumpridos e superados. Se ele ficou e foi a votos em condições mais adversas, não vejo que não o queira fazer agora“, disse fonte da direção social-democrata ao jornal online Observador.
“Se não tivéssemos atingido aqueles resultados, teríamos caído. Era o fim de linha”, admitiu, porém, outra fonte do núcleo mais próximo do ex-autarca portuense.
E com este balão de oxigénio, os adversários internos do líder social-democrata tiveram de mudar de estratégia. “Estavam preparados para a noite das facas longas e tiveram de recuar em toda a linha“, comentou outro dirigente do partido.
Em declarações ao jornal digital, este núcleo duro deixa entender que as regras do jogo podem ter mudado, graças à vitória de Moedas na capital.
“Existe uma onda mediática a nosso favor, a primeira desde que chegámos aqui, e um clima de euforia que mudou o chip de muitos. As pessoas começam a acreditar que a mudança é possível”, afirmou um membro da direção de Rio.
Os possíveis adversários preferem deixar a poeira assentar, como é o caso de Paulo Rangel que, esta terça-feira, num artigo de opinião no jornal Público, considerou que “o tempo é agora de, saudavelmente e com os pés na terra, celebrar este momento político”.
“Não é, pois, ainda o tempo da chamada clarificação interna nem do debate interno. Como bem disse o presidente do PSD, estamos ainda no perímetro do ciclo autárquico, das suas implicações e repercussões. A seu tempo, virá o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades”, escreveu.
O artigo em causa é visto pelos apoiantes de Rio como a prova de um plano que saiu furado. “Cheirou a falta de confiança. E isso é fatal em política”, sugere uma das fontes ouvidas pelo jornal online.