Parte das cinzas de Mahatma Gandhi foram roubadas e uma fotografia foi vandalizada com tinta verde nesta quarta-feira, data de comemoração dos 150 anos do nascimento do ícone político, num memorial localizado na Índia central.
A BBC avança que, sobre a fotografia, é possível ler “traidor”. As cinzas, apenas uma parcela das totais divididas entre vários memoriais do país, estavam no memorial Bapu Bhawan desde 1948, ano do assassínio de Gandhi por um extremista hindu. Alguns líderes desta religião veem Gandhi como um traidor por ter apoiado a unificação islâmica-hindu.
Um gestor do memorial classificou a ação como “vergonhosa”. “Abri o portão do Bhawan durante a manhã porque era o aniversário de Gandhi. Quando retornei, às 23h, notei que os restos mortais de Gandhi tinham desaparecido e a sua fotografia tinha sido vandalizada”, explicou o gestor ao site indiano The Wire.
A polícia do estado de Madhya Pradesh está a fazer diligências no local para tentar descobrir quem foram os responsáveis pelo roubo e intervenção, citando um “prejuízo da integração nacional”.
O líder do Congresso Nacional Indiano, Gurmeet Singh, defendeu a utilização das imagens captadas pela câmara de segurança do local para identificar os alegados criminosos.
Mahatma Gandhi, nascido numa cidade do litoral ocidental, Porbandar, a 2 de outubro de 1869, foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do protesto não violento como meio de revolução. Gandhi formou-se em direito e foi um político e líder no movimento de independência da Índia, que era governada pelos ingleses.
Mahatma Gandhi foi o responsável pela mobilização não violenta pela luta da independência da Índia do Reino Unido, sendo por isso considerado o “pai da nação”. Ao mesmo tempo, extremistas hindus consideram-no como traidor do movimento depois da declaração de independência e a consequente criação do Paquistão em agosto de 1947.
Gandhi foi assassinado meses depois, em janeiro de 1948 por um extremista hindu. Após o fim de um jejum de 5 dias, Gandhi foi assassinado com três tiros pelo hindu Nathuram Vinayak Godse, no jardim de sua casa, onde estava a ser realizada uma grande reunião de orações. Godse terá matado Gandhi por ser contra a tolerância religiosa pregada pelo pacifista, que teria levado à criação do Paquistão, contra a qual era.
O cortejo fúnebre, realizado no dia seguinte, durou 5 horas, numa procissão acompanhada por milhões até o rio Yamuna, onde o corpo foi colocado numa jangada e incinerado, como manda a tradição hindu.
Provavelmente uma consequência do emergente “totalitarismo” hindu na Índia, como desenvolveu o Monde Diplomatique, há algum tempo.
Consequências de um politico nunca ter a unanimidade toda do seu lado nem ser o único dono de toda a verdade, para mais num país tão dividido sobretudo por crenças religiosas.