Cientistas transformaram pesadelos em sonhos

Uma equipa de investigadores conseguiu que pessoas que tinham pesadelos com frequência passassem a ter mais sonhos positivos.

Sonhar é uma das coisas mais estranhas que fazemos e continuamos a tentar perceber porque é que a nossa mente é tão ativa quando estamos a dormir.

O pesadelo é um sonho perturbador, que normalmente está associado a sentimentos negativos, como ansiedade ou medo, e que, regra geral, fazem a pessoa acordar a meio da noite.

Em alguns casos, os pesadelos podem ser prejudiciais ao sono de uma pessoa, afetando consequentemente a sua saúde. Se os pesadelos se tornarem frequentes o suficiente e causarem sofrimento emocional significativo, uma pessoa pode ser diagnosticada com o chamado transtorno de pesadelo.

Não sabemos exatamente o que provoca os pesadelos, mas stress, traumas, medicamentos e outras doenças psiquiátricas costumam estar relacionados com o aumento da sua frequência.

Os sintomas do transtorno de pesadelo são derivados de noites mal dormidas e incluem sonolência, mau-humor, falta de concentração e falta de energia.

Os cientistas podem agora ter arranjado uma solução. Num estudo publicado esta quinta-feira na revista Current Biology, os investigadores encontraram uma relação inerente entre as experiências emocionais nos sonhos e o bem-estar de um indivíduo.

“Com base nesta observação, tivemos a ideia de que poderíamos ajudar as pessoas manipulando emoções nos seus sonhos”, disse Lampros Perogamvros, psiquiatra do Laboratório do Sono dos Hospitais da Universidade de Genebra e da Universidade de Genebra, num comunicado citado pela EurekAlert.

“Neste estudo, mostramos que podemos reduzir o número de sonhos emocionalmente muito fortes e muito negativos em pacientes que sofrem de pesadelos”, acrescentou.

Os autores trabalharam com 36 pacientes diagnosticados com transtorno de pesadelo. Todos eles foram inicialmente tratados com uma terapia convencional em que é pedido ao paciente para se relembrar do pesadelo e mudar o enredo negativo para que tenha um final mais positivo. Depois, o paciente deve ensaiar o novo cenário ao longo do dia para preparar os seus sonhos para a noite seguinte, explica a VICE.

No entanto, metade do grupo de 36 pacientes recebeu outro tratamento conhecido como tratamento de reativação da memória.

No final dessa primeira sessão da terapia convencional, os pacientes foram expostos a um som quando ensaiavam o novo cenário de sonho, numa tentativa de emparelhar as duas coisas — quase como na experiência do “cão de Pavlov”.

Ao longo de duas semanas, o grupo experimental foi exposto a esse mesmo som durante o sono.

Ao fim desse período de monitorização, os investigadores descobriram que em comparação com o grupo de controlo, os pacientes que também tinham sido tratados com o tratamento de reativação da memória tiveram pesadelos menos frequentes, sonhos mais positivos e diminuição dos pesadelos após três meses.

O tratamento de reativação da memória pode potencialmente ser usado como uma espécie de “terapia do sono” noutros transtornos psiquiátricos, como transtornos de ansiedade, perturbação de stresse pós-traumático, transtornos de humor e transtorno de insónias.

Daniel Costa, ZAP //

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