Investigadores britânicos desenvolveram um robô capaz de construir outros robôs ainda melhores, sem intervenção humana.
A mãe-robô, produzida na Universidade de Cambridge, em Inglaterra, junta pequenos cubos para formar um novo bebé-robô.
Ela avalia então a distância que os seus bebés conseguem percorrer e, depois de analisar os resultados, consegue projectar outros robozinhos melhores, capazes de percorrer distâncias ainda mais longas.
O objectivo do estudo é descobrir uma forma de construir robôs que se adaptem ao ambiente.
O trabalho, realizado por investigadores da Universidade de Cambridge, em Inglaterra, e de Zurique, na Suíça, foi publicado na revista científica PLOS One.
A ideia de robôs construírem outros robôs – cada vez melhores – parece o guião de um filme de ficção científica.
No filme Autómata, de 2104, com António Banderas, a humanidade teve que construir milhões de robôs para salvar o planeta, mas os robots estão obrigados a duas regras: não podem fazer mal a nenhuma criatura viva, e não podem de forma nenhuma alterar ou construir outro robô. E correu mal.
Também o pano de fundo da saga Terminator, com Arnold Schwarzenegger, é baseado na ideia de que máquinas sucessivamente mais inteligentes e poderosas constroem máquinas sucessivamente mais inteligentes e poderosas.
O cenário da “singularidade tecnológica“, o momento em que a máquina se torna mais inteligente que o homem e ganha auto-suficiência, preocupa cada vez mais a comunidade científica, que recentemente se juntou para salvar a Terra dos robôs assassinos.
E a realidade parece cada vez mais próxima de seguir a ficção. Recentemente, cientistas do MIT, na Califórnia, construiram os primeiros robots que se auto-constroem.
Mas para já, não precisamos de nos preocupar com a hipótese de os robots dominarem o mundo. Os bebês-robôs de Cambridge são apenas cubos de plástico com um motor dentro.
A mãe-robô cola os robôs uns aos outros, em configurações diferentes, o que lhe permite encontrar sistemas cada vez melhores.
Apesar de a montagem ser simples, o trabalho em si é elaborado.
A mãe construiu dez gerações de robôs. A versão final conseguiu percorrer o dobro da distância coberta pelo primeiro robô, antes de a sua bateria acabar.
De acordo com Fumiya Iida, investigador do departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge, que conduziu a pesquisa com colegas da Universidade ETH, em Zurique, um dos objetivos é encontrar novas ideias sobre como os seres vivos evoluem.
“Uma das grandes questões da biologia é descobrir como a inteligência surgiu – e estamos a usar a robótica para explorar esse mistério”, disse Iida à BBC.
“Pensamos sempre nos robôs a fazer tarefas repetitivas, já que, tipicamente, são projectados para produção em massa e não para personalização em massa. Mas queremos ver robôs capazes de inovação e criatividade”, diz o engenheiro.
Outro objectivo da equipa de investigadores é desenvolver robôs capazes de melhorar e de se adaptarem a novas situações, explica Andre Rosendo, também investigador do Machine Intelligence Laboratory da Universidade de Cambridge.
“Podemos imaginar carros construídos em fábricas e robôs a procurar defeitos e a repará-los por sua própria iniciativa”, diz André Rosendo.
“E os robôs usados na agricultura poderiam experimentar técnicas diferentes de colheita, para ver se melhoram o rendimento”, acrescenta.
Fumiya Iida começou a trabalhar com robótica por estar muito desiludido com os robôs da vida real, que não eram tão bons como os que via nos filmes de ficção científica como “Star Wars” ou “Star Trek”.
O seu objectivo é mudar isso. Para tal, Iida tira lições da natureza, para melhorar a eficiência e a flexibilidade dos sistemas de robótica tradicionais.
Será que em breve veremos robôs como os da ficção científica que o inspiraram?
“Ainda não chegámos lá, mas claro, por que não? Talvez dentro de cerca de 30 anos”, diz Iida.
E há quem esteja muito preocupado com isso.
ZAP / BBC