Cientista de 55 anos quer bater recorde e viver 100 dias debaixo de água

Joseph Dituri / USF

O cientista norte-americano Joseph Dituri.

Aos 55 anos de idade, o cientista norte-americano Joseph Dituri quer bater um recorde mundial e viver 100 dias debaixo de água.

Foi ao longo de 28 anos como mergulhador da Marinha dos Estados Unidos que o doutor em engenharia biomédica Joseph Dituri, investigador e professor da Universidade do Sul da Flórida (USF), desenvolveu a sua paixão pelo fundo do mar. Apelidado de Dr. Deep Sea (Dr. Mar Profundo), Dituri, de 55 anos de idade, conhece como poucos o ambiente marinho.

Na semana passada, Dituri, que é especialista em mergulho em grandes profundidades, iniciou um dos principais desafios da sua carreira: passar cem dias a morar debaixo de água. Durante o período, vai viver num alojamento submerso a uma profundidade de cerca de nove metros em Key Largo, na Flórida.

Dituri quer bater o recorde mundial de mais tempo a morar debaixo de água, conquistado em 2014 por dois investigadores da Universidade do Tennessee, que passaram 73 dias no mesmo alojamento, chamado Jules’ Undersea Lodge.

“Mas essa não é a parte mais importante”, disse Dituri em conferência de imprensa ao apresentar o projeto, iniciado no dia 1 de março. Durante todo o período debaixo de água, vai levar a cabo investigações sobre saúde, ambiente marinho e novas tecnologias, além de continuar a lecionar na universidade, em aulas online.

O projeto é uma oportunidade para investigar como é que a exposição de longo prazo à pressão aumentada debaixo de água afeta o corpo humano.

Os efeitos físicos e mentais de ficar por um período tão prolongado no ambiente subaquático serão monitorizados por uma equipa médica formada por dez profissionais, que irão fazer visitas regulares ao alojamento e submeter Dituri a uma série de testes, incluindo exames de sangue, ultrassom e eletrocardiograma, entre outros.

O cientista já passou por uma ‘carrada’ de testes físicos e psicológicos em preparação para o desafio, e continuará a ser monitorizado após o fim, para estudar efeitos de longo prazo. Também será avaliado periodicamente por psicólogos e psiquiatras, que vão documentar o impacto mental de passar tanto tempo confinado.

“O corpo humano nunca esteve debaixo de água por tanto tempo, então serei monitorizado de perto”, realça Dituri. “Este estudo vai examinar todas as maneiras pelas quais essa jornada pode ter impacto no meu corpo, mas a minha hipótese é a de que haverá uma melhoria na minha saúde devido à maior pressão”.

Dituri pretende aprofundar as conclusões de um estudo anterior, feito por investigadores da Universidade de Wisconsin, que sugere que a maior pressão do ambiente subaquático poderia ter impacto benéfico na longevidade e na prevenção de doenças associadas ao envelhecimento.

Além das pesquisas na área de saúde, o projeto também vai incluir testes de novas tecnologias, entre elas uma ferramenta de inteligência artificial para rastrear o corpo humano à procura de doenças e determinar se alguma medicação é necessária.

O investigador pretende receber no seu alojamento a visita de outros cientistas e alunos, por períodos curtos de até 24 horas, para estudos e discussões sobre preservação e proteção do ambiente marinho. Também vai receber grupos de crianças com acompanhantes, e diz que um dos seus objetivos é inspirar novas gerações de cientistas.

Detalhes das discussões com outros cientistas e da sua rotina serão publicados num canal no YouTube e em redes sociais.

// BBC

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