As empresas chinesas que fabricam componentes electrónicos têm o mercado automóvel na mira. No futuro, estes investimentos podem mudar profundamente as relações comerciais com os Estados Unidos.
Já desde 2014 que a Apple está a ponderar aventurar-se no mundo automóvel com a criação de um veículo totalmente eléctrico — o famoso Projecto Titan que há muito entusiasma os fãs da marca e intriga os investidores.
Se sobre o carro da Apple ainda se sabe pouco, há outras empresas no ramo electrónico que não querem perder mais tempo e vão mergulhar de cabeça no sector automóvel, como é o caso da Foxconn, a empresa de Taiwan que fabrica 70% dos componentes dos dispositivos da Apple.
Em Outubro de 2021, a empresa anunciou os planos para produzir três veículos eléctricos próprios numa parceria com a Yulon, uma fábrica automóvel taiwanesa. Os carros serão produzidos sob o nome Foxtron e a Foxconn ambiciona replicar no mercado automóvel aquilo que já conseguiu com tanto sucesso fazer na indústria dos smartphones — tornar-se o fabricante por excelência.
Até à data, a empresa já assinou dois acordos com duas startups americanas no mercado dos veículos eléctricos, a Lordstown Motors e a Fisker, relata o Wired. O investimento da Foxconn assinala também uma reversão de papéis no mundo automóvel, que no último século tem sido moldado pelas empresas europeias, americanas e japonesas.
A aposta nos carros eléctricos, na maior autonomia, na computarização e na personalização dá uma vantagem às empresas chinesas que já estão familiarizadas com estes conceitos no fabrico de produtos electrónicos e que podem começar a ditar as tendências. Na práctica, os carros do futuro serão como smartphones com rodas.
Enquanto as marcas convencionais estão muito agarradas aos modelos tradicionais doscarros, as empresas de electrónicos estão a esfregar as mãos ao verem este nicho no mercado pronto para ser atacado e preparam-se para aplicar nos carros todos os softwares modernos usados nos telemóveis e nos computadores. Pode esta modernização ditar o fim do status quo?
Para a Apple, a Alphabet ou a Sony — que já estão todas a apostar no mercado automóvel —, sim. Na China, Huawei, Tencent e Alibaba são algumas das gigantes que já assinaram acordos para o desenvolvimento de software e serviços com fabricantes de carros. E a Xiaomi, que é a marca de smartphones mais vendida no mundo, anunciou em Outubro que tem quatro carros eléctricos nos rascunhos.
A China está também já na pole position na electrificação. O país asiático já tem alguns dos melhores produtores de baterias e os fabricantes de carros na região podem ter uma vantagem no entendimento da aplicação destas tecnologias apenas devido à proximidade das fábricas chinesas.
Uma análise recente concluiu que a aposta da China nos carros eléctricos pode transformar profundamente as trocas comerciais entre chineses e americanos num futuro próximo, fazendo com que os EUA passem de um exportador para um importador de veículos.
Mas estas mudanças não surgem sem desafios. No caso da Foxconn, os negócios actuais dependem de mão de obra humana, algo que é fundamentalmente diferente do sector automóvel, onde a automação é rainha. As margens na produção de carros eléctricos são também pequenas e pouco lucrativas no início.
Mike Juran, CEO da Altia, uma empresa que fabrica software para carros e outros produtos, lembra as diferenças e os riscos inerentes à produção de automóveis. “Isto não são smartphones com rodas. São carros com tecnologia que têm de ser capazes de cumprir a tarefa em mãos, que pode ser decisiva entre a vida e a morte“, alerta.
Só se eu não souber a origem. Por essa razão, se fosse adquirir um veículo eléctrico, o DACIA SPRING não seria opção.
O meu smartphone diz “Made in Vietnam”!…