Filip Singer / EPA

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi
Pequim não quer ver uma derrota russa na Ucrânia porque teme que os Estados Unidos desviem então todo o seu foco para Pequim.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Yi disse à chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, que Pequim não pode aceitar que a Rússia perca a sua guerra contra a Ucrânia, uma vez que isso poderia permitir que os Estados Unidos voltassem a sua atenção total para a China.
A admissão, que contradiz a posição pública de neutralidade de Pequim no conflito, surgiu durante o que um funcionário citado pelo South China Morning Post disse ter sido uma reunião de quatro horas, na quarta-feira, em Bruxelas
Na reunião, o diplomata chinês “apresentou posições duras mas respeitosas, numa ampla gama de questões desde cibersegurança, terras raras até desequilíbrios comerciais, Taiwan e Médio Oriente”, diz o funcionário ouvido pelo SCMP.
Segundo esta fonte, Pequim poderia preferir uma guerra prolongada na Ucrânia que impeça os Estados Unidos de se concentrarem na sua rivalidade com a China.
Alguns dos membros da comitiva da União Europeia presentes na reunião ficaram “surpreendidos com a franqueza das observações de Wang”, diz o SCMP.
No entanto, Wang Yi rejeita a acusação de que a China esteja a apoiar o esforço de guerra da Rússia, financeira ou militarmente, insistindo que se o estivesse a fazer, o conflito teria terminado há muito tempo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês mantém a posição de que a China “não é parte da guerra“. Nesta sexta-feira, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, reafirmou a posição de longa data de Pequim sobre a guerra de três anos. “A China não é parte da questão ucraniana“, disse Mao.
“A posição da China sobre a crise ucraniana é objetiva e consistente, ou seja, negociação, cessar-fogo e paz. Uma crise ucraniana prolongada não serve os interesses de ninguém”, acrescentou a porta-voz de Peequim.
As declarações públicas da China sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia mascaram um quadro mais complexo, diz a CNN.
Apenas semanas antes de a Rússia lançar a sua invasão em grande escala da Ucrânia, o líder chinês Xi Jinping anunciou uma parceria “sem limites” com Moscovo — e desde então os laços políticos e económicos fortaleceram-se.
A China posicionou-se sempre no conflito como um possível pacificador, mas os riscos são altos para Pequim — nomeadamente o de perder um parceiro importante.
A China rejeitou até agora todas as acusações de que esteja a fornecer à Rússia apoio quase-militar. Ao longo do conflito, a Ucrânia sancionou várias empresas chinesas por fornecerem à Rússia componentes de drones e tecnologia para uso na produção de mísseis.
Nesta sexta-feira, após o “maior e mais cínico” ataque ataque da Rússia deste o início da Guerra, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha, publicou fotografias que diz serem fragmentos de um drone de combate Geran 2 lançado pela Rússia.
Uma das imagens mostra parte da alegada fuselagem do drone, que parece indicar que o dispositivo terá sido produzido na China, no dia 20 de junho.
What an irony. Following tonight’s massive Russian air attack on Ukraine, we discovered in Kyiv a component of a Russian-Iranian “Shahed-136″/”Geran-2” combat drone, which was made in China and supplied just recently.
And right on the eve, the Chinese Consulate General’s… pic.twitter.com/VetUqqVo67
— Andrii Sybiha 🇺🇦 (@andrii_sybiha) July 4, 2025
“Que ironia. Após o ataque aéreo russo massivo desta noite contra a Ucrânia, descobrimos em Kiev um componente de um drone de combate russo-iraniano Shahed-136/Geran-2, que foi feito na China e fornecido recentemente“, escreve Sybiha na sua publicação.
Guerra na Ucrânia
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5 Julho, 2025 China avisou a UE que não vai aceitar que a Rússia perca a guerra (e explicou porquê)
Claro que o cinismo da China vai sendo desvendado com o passar do tempo. As autocracias, para não chamar ditaduras, têm sempre interesses em comum, mas se possível, escamoteadas. Quem acredita na China, Rússia, Irão, Coreia do Norte?…
A EU já devia ter tomado medidas restritivas para com a China, um dia vai ser tarde.
O meu amigo fala em ditadura, mas ainda vai explicar por palavras suas o que se está a passar no USA com o Trump e já agora qual a diferença com estes países. E se olhar para um passado recente, tente ver o que os USA fizeram por esse mundo fora, por exemplo no Iraque entre outros.