O Presidente chinês afirmou, esta sexta-feira, que a China “jamais tolerará” ingerências externas nas suas regiões semiautónomas, numa altura em que o aniversário da transição de Macau coincide com a crise política em Hong Kong.
“Quero destacar aqui que, após o retorno à pátria de Hong Kong e Macau, os assuntos destas duas regiões administrativas especiais são totalmente assuntos domésticos da China”, afirmou Xi Jinping, durante a tomada de posse do novo chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng.
“O Governo e o povo da China estão firmes como uma rocha na sua determinação em defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país”, afirmou, durante um discurso de cerca de quinze minutos, arrancando aplausos entre uma plateia composta pelas principais personalidades do território.
Além do primeiro chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau, Edmundo Ho, o chefe do Governo cessante, Chui Sai-on, e Ho Iat Seng, na primeira fila esteve sentada Carrie Lam, a líder de Hong Kong, que atravessa a sua pior crise política desde a transferência da soberania do Reino Unido para a China.
Pelo menos três deputados pró-democracia da Assembleia Legislativa (AL) de Macau ficaram de fora da tomada de posse do novo Governo e de eventos com a presença do Presidente chinês.
Trata-se do quinto Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), que celebra hoje o seu 20.º aniversário, depois de em 20 de dezembro de 1999 o território ter voltado à tutela da China, após mais de 400 anos de administração portuguesa.
Tal como acontece com Hong Kong, a transferência da administração de Macau de Lisboa para Pequim foi feita sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que garante ao território um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário.
No seu primeiro discurso na qualidade de chefe do Executivo, Ho Iat Seng sublinhou os “sólidos alicerces de desenvolvimento” e os “progressos notáveis” de Macau assegurados pelos dois antecessores nos últimos 20 anos, com a ajuda do Governo central e sustentou que o caminho a seguir agora também tem de incluir a diversificação da indústria turística, o programa internacional de Pequim “Uma faixa, uma rota” e o projeto regional de construção de uma metrópole mundial que vai juntar o território, Hong Kong e nove cidades da província chinesa de Guangdong.
Por outro lado, o ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL) prometeu “acelerar o planeamento urbano, a construção de habitações públicas, melhorar o trânsito, reforçar a proteção ambiental e impulsionar o desenvolvimento da renovação urbana e também da cidade inteligente”.
O novo chefe do Governo destacou o facto de Macau possuir “vantagens únicas” pelo seu “multiculturalismo”, como ponte entre o oriente e o ocidente e entre a China e os países de língua portuguesa, um posicionamento que pode ser potenciado, sustentou, pelo seu novo Governo e pelos vários setores da sociedade, sempre com o apoio de Pequim.
“Iremos reforçar os cursos de formação sobre a situação nacional aos funcionários públicos, no sentido de elevar a sua consciência nacional” e “reforçar o patriotismo dos jovens” para “assegurar que o amor à pátria e o princípio ‘Um país, dois sistemas’ sejam transmitidos de geração em geração”, acrescentou.
ZAP // Lusa