Cheias voltarão ao Mondego, avisa ministro do Ambiente e Ação Climática

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Paulo Novais / Lusa

O parque verde do Mondego coberto de água devido à subida da água do rio Mondego

O ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou na quarta-feira que “se algum dia alguém prometer que não vai voltar a haver cheias no Baixo Mondego, certamente não está a falar a verdade”.

As declarações do ministro foram feitas no fim de um percurso de cinco pontos pelo vale do Mondego, que terminou no Centro Náutico. A estrutura construída para desporto, invadida pelas águas a 21 de dezembro de 2019, recebeu a apresentação das intervenções que pretendem mitigar o efeito das cheias, noticiou na quarta-feira o Público.

Para o ministro, é fundamental “garantir que todas as estruturas fusíveis funcionam para que”, quando os 2000 metros cúbicos por segundo “forem ultrapassados, a água ir para onde tiver de ir, provocando sempre uma cheia, evidentemente, mas sem afetar as populações”. Isso e os afluentes, que ainda não foram intervencionados.

Matos Fernandes explicou que as intervenções nesses afluentes não serão “com projetos de engenharia de betão, como se desenhou há 40-50 anos”. “Estamos hoje – eu acho que posso dizer isto – melhor do que no dia 21 de dezembro do ano passado, com as obras que fizemos”, sublinhou.

A comitiva passou por vários pontos, até ao local onde será instalada uma estrutura de drenagem dos campos centrais do Mondego para o leito periférico do rio, que terá a capacidade de, em situações de cheia, drenar um hectómetro cúbico por dia, reduzindo a pressão de cheia em pontos como Ereira, explicou o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Carlos Pimenta Machado.

Quanto ao segundo dique que colapsou em 2019, Matos Fernandes informou que está reposta a capacidade e que será instalado nesse ponto um fusível, não fazendo sentido “dar-lhe acabamento”.

Há ainda uma intervenção prevista para o rio Ceira, com recurso a técnicas de engenharia natural, que o ministro indicou ter “uma componente experimental”. Não se pode “partir do princípio que os rios são da espécie humana e que podem ser interrompidos a qualquer momento com um objeto artificial como seja uma barragem”, mencionou.

Taísa Pagno //

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